terça-feira, 15 de março de 2011




Maria Antonia é diretora da EMEF Dom Paulo Rolim Loureiro. Sua escola é exemplo de administração e incentivo a projetos extra-curriculares. Em entrevista ao NCC, Maria Antonia avalia o ensino atual, as condições de trabalho dos professores e conta o que, para ela, seria uma escola ideal. Acompanhem:






NCC: Qual a sua avaliação sobre o ensino atual nas escolas públicas?

Maria Antonia: “Pelas pesquisas que a gente vê, o ensino está deixando a desejar, e geral, não só o público. De primeira a quarta nós conseguimos muitos avanços na aprendizagem, o que a gente percebe é que quando vai para a quinta série tem um nó a ser resolvido bastante grande. Da quinta em diante fica difícil perceber os avanços. Agora, sem dúvidas, é um ensino que a gente aposta muito, os educadores tentam fazer o melhor, mas há a necessidade de investimentos”.

NCC: As pesquisas apontam uma significativa evasão dos alunos do ciclo II, a que fatores você atribui isso?

Maria Antonia: “No geral, eu acho que a escola está pouco significativa para as crianças. O jovem traz uma demanda que a escola não está conseguindo captá-la e dar uma resposta. É um espaço que ele tem pouco retorno, que ele se enxerga muito pouco. Então às vezes o professor, com toda a formação e boa intenção, está trabalhando conteúdos que certamente são importantes, mas não conseguiram fazer o aluno perceber a importância disso. É preciso trazer coisas que falem de verdade ao coração dessas crianças, à vida dessas crianças. Da quinta série em diante o aluno não vê contemplada as suas aflições dentro da sala de aula, porque é uma fase que mudou nos últimos anos, mudaram os interesses, aflições, desejos e o currículo ficou igual. Haja vista essa questão das novas tecnologias, são coisas novas que nós temos que aprender”.

NCC: Como você avalia a situação atual da relação educador-educando?

Maria Antonia: “Educação é uma atividade essencialmente humana, por isso a gente tem que investir muito nessa relação. Nós não estamos numa fábrica apertando parafusos, estamos lidando com pessoas e pessoas trazem histórias, e eu posso entendê-las, percebê-las e explicar algumas atitudes, sem conhecimento dessa vida dos meninos eu não vou poder qualificar a minha relação com ele. E isso é pior no fundamental II, por conta de uma grade curricular que coloca uma aula de 45 minutos, o professor precisa de tempo, ele precisa estar com o aluno, ele precisa se ver nessa relação e numa aula de 45 minutos, uma vez por semana, ele não imprimi uma afinidade na relação. Assim é muito difícil qualificar a relação aluno-professor”.

NCC: E sobre as condições de trabalho dos professores, qual sua opinião?

Maria Antonia: “Eu acho que a educação merecia ser vista com mais cuidado, não tem um cidadão que não fale para você que educação é que o se tem de mais importante, no máximo colocam saúde em primeiro. Os professores deviam ganhar mais sim, ao longo da vida poderem ficar com uma escola só, ser uma profissão que as pessoas fizessem não só porque não sobrou mais nada para fazer. Não acho que isso interfere no fato de a educação estar indo mal, mas é claro que fisicamente um prédio como o nosso não favorece muitas coisas, não favorece que os alunos estudem de forma coletiva, tranquila. Essa estrutura é montada para dar errado. Eu não vejo relação com o ensino indo mal devido às condições de trabalho, acho que é mais por conta de uma formação, de precisar investir no ponto de vista salarial, de valorizar o professor e investir na sua qualificação profissional.

NCC: E como seria uma escola ideal?

Maria Antonia: Os alunos vêm felizes para a escola. Então, a escola ideal é que eles continuassem felizes dentro dela e que achassem um significado para ela, mantivessem essa alegria em seu interior, sem engessá-los tanto. Como fazer isso? Quem descobrir a receita vai ficar riquíssimo, mas por enquanto a gente tenta nos aproximar disso com projetos e trabalhando o currículo de uma outra forma.

NCC: O projeto Jovem Comunica que acontece na sua escola pode ser visto como uma educação não-formal, você acha que iniciativas como essa contribuem ou atrapalham no desenvolvimento dos alunos e na harmonia do ambiente escolar?

Maria Antonia: Contribuem muito, trazer saberes de fora, dar espaço para os alunos trabalharem saberes, se reconhecerem, eu acho importantíssimo. A gente vai tentando através de projetos, parcerias, os participantes ainda são grupos pequenos, mas é o que a gente pode fazer, talvez um dia a gente consiga trabalhar com todos e tornar as iniciativas de educação não-formal mais significativa no conjunto da escola.

NCC: Como é a relação da EMEF Dom Paulo Rolim com a comunidade do entorno?

Maria Antonia: Seria maravilhoso se quando fossemos falar de eletricidade, por exemplo, um pai eletricista viesse até aqui, para dentro da escola, trocar esse saber, para que esse filho veja um significado, uma ligação no que ele está aprendendo e no que o pai está trabalhando. Então esse gancho nós precisamos arranjar um jeito de fazer, ele é necessário. Nós trabalhamos através da formação dos professores para que eles entendam a importância desses saberes de fora para aqui dentro. Tanto que temos ressignificado algumas reuniões de pais, proporcionando momentos para essas questões. Porém ainda não está claro essa importância para todos, mas os professores que já entenderam essa necessidade estão qualificando a reunião de pais.


1 Comentário:

Anônimo disse...

vai t5oma no meio do teu cu1 dun paulu ZL capital EUA



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