As travessuras dos tempos de colégio
Acho que de tanto subir no pé de manga, aprendi a somar, subtrair ...
Eu esttudava no Norte (Piauí), Socorro do Piauí e nós andávamos pelo “carreiro”- uma estradinha bem estreita que não dá para passar carro, só pessoas. Eu chegava à escola e bagunçava bastante. Estudei até a 4° série, mas porque eu bagunçava muito, a professora Cantu não me passava de ano, eu era boa em todas as matérias, mas sempre repetia, eu bagunçava mesmo com os moleques, saía cedo da escola, batia nos meninos com urtigas, eles se coçavam todos (risos).
Tinha um dia que era só de matemática, a gente saía da escola cedo para poder roubar manga, pois o dono do pé de manga não deixava a gente pegar. Nós reuníamos uma turma, pulávamos a cerca, uns ficavam vigiando pra ver se não vinha ninguém, os outros roubavam as mangas. O pé de manga era alto, mas eu não tinha medo não, só do dono chegar e nos pegar ali. Quando a gente chegava em casa, falávamos para os nossos pais: “Aí mãe a matemática foi tão difícil”(risos).
Eu não deixava os outros responderem a prova, passava a cola, levantava, procurava conversa e a professora ficava muito brava e tirava meus pontos, acho que de tanto subtrair e somar no pé de manga fiquei craque em matemática.
Naquela época não tinha colégio mesmo, assim desses construídos, era só uma casa alugada pra ter aula, porque o colégio que tinha, caiu e a prefeitura nunca aprovou pra fazer outro.
Aí depois que eu parei os estudos, meu pai, em 1997, foi me buscar para morar em São Paulo, voltei a estudar, mas eu estudei apenas três meses e parei, não tinha vocação pra estudar.
Cheguei a voltar pro Piauí, mas em 2006 tornei a vir pra São Paulo, entrei no EJA (Ensino para Jovens e Adultos), mas parei de novo (risos). Acho que agora vou continuar, inté mesmo esses dias, falei pro Cometa, quero fazer um curso também desses de mexer no computador.
Se eu pudesse voltava ao tempo e fazia tudo direitinho, hoje eu me arrependo por não ter estudado direito, não por culpa dos meus pais, porque eles dispensavam a gente pra estudar. Muita gente lá no nordeste não estuda, porque os pais não dão oportunidade, mas meus pais não eram assim.
Hoje eu sinto dificuldade na hora de ensinar meus filhos, algumas coisas eu sei, outras eu peço pra eles virem aqui no Ponto de Leitura pedir ajuda, outras vezes eu mesma trago o caderno para aprender e ensinar a eles.
Não quero o mesmo para os meus filhos e sim que eles se dediquem sempre, pois estudar é muito importante. Quer saber vou voltar à estudar. Afinal contar essa história também é estudar. Obrigada.
Claudete Mendes de Sousa Santos, 28 anos
Moradora do Jardim Lapenna, nos contou essa história numa tarde em que garoava, no Jardim Lapenna...
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