segunda-feira, 26 de julho de 2010

Dia 26 de julho, segunda- feira...

Manhã e uma outra fila, bem perto da ferrovia


Trabalhadores em frente ao canteiro de obras da Estação São Miguel

Severino, Miguel, Cleiton, Moacir, Erivelson, Egelson, Edelson, Iranildo, Cícero, Salustiano, Etevaldo, Lorivaldo e tantos outros homens a procura de trabalho, em fila, muita gente. São por volta de 300 trabalhadores, esperando abrir a porta do canteiro de obras da Estação São Miguel Paulista. Um deles beija o santinho, ao me aproximar, vejo que o santo beijado é Padre Cícero preso na corrente. Pergunto a um dos homens se aguardam alguém por ali, ele me informa que sim: “disseram que estão contratando gente para trabalhar na reforma”.

Outro homem, aparenta ter uns 40 anos, diz que trabalha assim, “por período”, e comemora o fato de ter trabalhado na estrutura para a escada rolante do Jd. Helena: “é, a gente que não tem tanta qualificação, fica sujeito a esses trabalhos temporários, mas tem uma coisa que me deixa feliz, tem tanta obra que passo em frente e estou nela, pois ajudei a construir”.

Penso num aboio de cimento, cal, areia e pedra, a tocar essa cidade, mas na hora da recompensa é só migalha. Como disse Etelvino: precisa de qualificação, mas e os recursos destinados à capacitação de trabalhadores? Pela pesquisa que fizemos, nós do NCC, existem muitas políticas públicas e seus respectivos orçamentos para qualificação profissional de trabalhadores na construção civil, por exemplo. Mas, ao conversar com Sr. Dominiciano, pernambucano calejado por tantas obras, observo que suas veias parecem estradas vicinais: “para o Consórcio não é bom contratar gente sabida, quanto menos o cabra souber, para o que eles querem, tá contratado, por isso, na hora de assinar, finjo que não sei nada, fora que são várias empresas que se reúnem para ganhar a concorrência, dizem que custa X, mas gastam menos X, mas você não vai dizer isso a eles, não? – arremata Sr Domiciano uma questão. Digo que vou embora antes da porta abrir, “pode ficar tranquilo, não digo não”.

Na manhã de segunda – feira, ao chegar na redação do Galpão de Cultura e Cidadania, converso com a jovem Elizangela que busca informações sobre a reforma das condições da estação de São Miguel Paulista, além da construção de uma nova, quem sabe para atender a Copa, ou melhor, se aproximar da Berigan, travessa do Jd. Lapenna, com suas histórias de mobilização.

Economicamente esse pedaço de São Paulo não pára de crescer não, e a minha redação é uma quase uma tertúlia, influenciado pelos nordestinos de plantão. Mas fica o recado final de um verso cantado, por Sr. Dominiciano, em frente à porta do canteiro de obras, na Rua Salvador de Medeiros, rua também da estação: “Padre Cícero me acuda, fui pescar uma barracuda, peguei piranha tão graúda que mordeu a minha boca... vige santa, santo Ciço olha o sangue que jorrou, precisei trabalhar na obra para curar a minha dor...”

Apesar da apreensão e expectativa, o pessoal acaba se divertindo com essa espécie de cordel de Sr. Dominiciano. O portão se abre e o mestre de obras começa a ladainha da convocação. Já estou atrasado, preciso ir para o Galpão, lá tem Jovem Comunica e na rua rádio, jornal e televisão, vige, parece que só sai texto rimado e ritmado, influências de alguns trabalhadores perto da estação.

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