Corpo, cidade, organismoEntrelaçamentos e desejos de viver
junto e melhor
“Tudo no mundo começu com um sim. Uma moléula disse sim a outra moléula e nasceu a vida. Mas antes da pré-história havia a pré-história da pré-história e havia o nunca e havia o sim. Sempre houve. Não sei o quê mas sei que o universo jamais começou." (Clarice Lispector, A hora da estrela)
Diariamente vivemos momentos de educação e clareza, nos quais ninguém está incólume a também se sentir sábio e ao mesmo tempo um aprendiz, nos espaços que fazem sentido corpo – cidade, como ruas, vielas, praças, escolas, mercearias, sebos, barracas de camelô, vagões de trem, etc., numa dinâmica simbólica de refletir sobre descobertas e manifestar na linguagem ou nas linguagens visitadas, para açular nossa percepção e leitura da vida, reflexões sobre viver – junto, o que nos fortalece, a partir de um lugar em que nos sentimos solidários, lá onde pulsam impacientemente indicadores, construídos nas leituras orgânicas de modos de se relacionar, superar, coletivizar, no rompimento do simulacro da educação de estar junto, sem perceber a potência transformadora de estar junto.
Diariamente nos deslocamos no território, também de nossa atuação bio-afetiva, e nos lugares onde aprendemos, ensinamos e estudamos, verificamos a necessidade de entrelaçamento, “nós” de uma rede viva de produção de conhecimento, com pontos, lugares de um espaço que vive nesse momento, ao mesmo tempo, vulnerabilidade e transformação, nesses tempos legítimos de estabelecer outros modelos de redes, admitindo a utilização dos recursos tecnológicos, porém reconhecendo a naturalidade dos pontos da localidade, onde os bens simbólicos nascem, conectando-os comunicacionalmente a tantos outros bens simbólicos, organicamente compartilhados para fortalecer as pessoas, no sentido de acreditarem nos seus olhares e projetarem ao mundo, como emissores, emissoras, manifestantes, contribuições, ações e movimentos para um “pedaço melhor”, local melhor, uma cidade, estado, país, planeta, para que a vida não perca os alimentos da alma: a singularidade e o desejo de viver junto e melhor.
Cometa
José Luiz Adeve
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