
Reflexão biopolítica de um corvo
Feito um corvo a crocitar em vão, nos vãos da cidade, nas escadarias da estação, desobrigo-me aos poucos à necessidade de emulação, respirando, respiração ave, é verdade, pássaro gente que se alimenta no chão, inversamente a terra é o céu, ao contrário das águias que se elevam alhures, sábias sem viver a aporia e a tensão de sempre buscar no chão, o alimento com outros pássaros migrantes, esses que nos momentos humanos das pelejas citadinas, não são citados, nem tão pouco enaltecidos e venerados pelos tiranos da cultura, sitiada e controlada, com os acessos e reconhecimento da coisa pública, como se “Atenas” e suas águias tão somente reunissem o que há de artístico e antropologicamente essencial para o desenvolvimento humano.
Corvo da urbe a relatar os deslocamentos pelos territórios e as verdades com poucas vitórias, sem razão para epinícios ou cantos píticos para os Apolos erráticos, estes contaminados espartanamente por estratégias de “aparelhar” as manifestações singulares e espontâneas, dando-as um caráter e uma leitura “sofismática”, uma marca sistêmica imposta e não refletida na necessidade de trocar e compartilhar, o que quebraria a justaposição de uma ordem de como viver, sentir e ser melhor que o outro, apesar de reconhecerem apolineamente a individuação, porém com atos, medidas e ações que lembram a política cultural do século V na Grécia, ou coletivos autômatos, teleguiados seres para aplaudir, quantificar as assembléias, muitas delas a reforçar, mesmo que acidentalmente, as alcatéias do fisiologismo e da politicalha epidêmica.
Mas nas idas e vindas no inferno de um modelo considerado um equívoco, porém necessário para não garantir igualdade, atitudes, atos e estímulos fraternizam o direito de consumir, como garantia de liberdade de desfrutar de tudo que agride a natureza.
Resta ao corvo procurar os mantenedores da utopia para se contrapor ao fórum e ao discurso economicista e tecnicista que se estabelece, nesses tempos de eleição em seu país, uma similaridade trágica com o império que tem a águia como símbolo.
São 9 horas de uma terça feira de agosto em São Paulo. E os corvos perguntam: onde estão os defensores da utopia? O Sonho teria acabado ou foi decretado que é proibido sonhar? Fluídos psicomidiáticos reforçam nosso medo pelo amedrontamento de quem refletia e defendia nossa esperança.
José Luiz Adeve
Creio que sou umdos corvos a crocitar sem audiência.
Mario Sérgio
Pássaros - gente e a reflexão me tocou profundamente.
Flora Silveira
Vivier sempre cada momento a pensar na possibilidade de mudar o que foi estabelecido e reverter o processo...
Maria Clara Barbosa
NA MENTE
NAO ANDO
NO ANTRO
POLOGIA
NA LUA SOMBRIA
COMETA BRILHA
diogo yas, sexta feira 13 de 2010
NA MENTE
NAO ANDO
NO ANTRO
"POLOGRAFIA"
NA LUA SOMBRIA
COMETA BRILHA
diogo yas, sexta feira 13 de 2010
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