
Nasci em Guandu-BA, não tive tempo de estudar, comecei a trabalhar com sete anos na roça. Por ser o menor dos meus irmãos, eu só pegava água, fazia uma média para não ficar em casa arrumando briga. Eu trabalhava de manhã e estudava de vez em quando pela tarde, a noite eu dava “umas paqueradinhas” e chegava em casa lá pelas duas da madrugada.
A escola era longe, uma hora mais ou menos andando, chegava lá já cansado e tinha vontade de desistir.
Eu tive oportunidade de estudar, mas eu batia nos moleques, fazia muita bagunça, brigava e a professora me pegava, metia aquelas réguas de pau (palmatória), na minha mão, eu vinha para casa e aí me tiravam da escola. Eu desisti, vim para São Paulo passear e estou aqui até hoje, faz 15 anos.
Com uns 12 anos eu sabia algumas coisas, saí de casa com 15, mas fiquei 20 anos sem ir à escola, esqueci tudo.
Cheguei aqui em 2001 e um amigo meu me chamou para estudar no Raul Pilla, eu não quis, esse negócio de estudar, quebra muito a cabeça, não tenho paciência para isso, é muito complicado. Deixei quieto e meu amigo se formou, concluiu o segundo grau.
Em 2007 voltei e fiquei um pouco na Bahia, mas não acostumei não, e voltei para cá, lá as coisas estão cada vez mais difíceis.
Agora estou estudando um pouquinho, quebrando a cabeça, isso porque a Patrícia é uma professora insistente demais, se eu fizer alguma coisa errada ela insiste, até eu acertar, estou conseguindo alguma coisa com ela, já vou fazer um ano estudando aqui (no EJA- Estudo para Jovens e Adultos), cheguei no final de outubro. Eu não pretendo desistir, enquanto a Patricia estiver aqui e, se for pela manhã a aula, vou tentando devagarzinho.
Antônio Jesus Santos, 42 anos, morador do Jardim Lapenna.
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