um direito humano
Esses são objetivos do Projeto
Jovem Comunica realizado em escolas públicas de São Miguel Paulista.
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.....Comunicação. Ação transformadora, interativa, participativa. Adjetivos que combinam com as características dos jovens, mas que muitas vezes são anulados em estruturas as quais permitem pouco movimento, nos sentido de aproximar educador e educando nas escolas públicas.
......Em São Miguel Paulista essa realidade começa a se modificar. O Núcleo de Comunicação Comunitária São Miguel no Ar, da Fundação Tide Setubal, criou em 2009 o projeto Jovem Comunica, que tem como objetivo criar uma rede de compartilhamento de informações, conhecimento e produções midiáticas entre as escolas da região.
.....“É importante para levar informações e educação para as pessoas, além do que a gente aprende na escola. No Jovem Comunica a gente aprende a produzir textos, entrevistas e podemos passar mais sobre o que a escola produz, não só para os alunos ou funcionários, mas para o povo lá de fora saber o que a gente faz, pois com a criação dos blogs, twitter, a gente pode divulgar nosso trabalho, o mundo inteiro pode ver. Além disso muitas pessoas que não tem acesso à educação podem ter com o Jovem Comunica, pois ele leva uma informação democratizada, então todos podem entender o que nosso grupo faz.”, explica o estudante de ensino médio , Fernando Silvestre, 14 anos, da escola estadual Eng. Pedro Viriato Parigot de Souza.
.....Com grupos nos quais alunos e professores trabalham em conjunto e em igualdade, o Jovem Comunica une abordagens comunicacionais, como blog, tv, rádio e jornal, ao desenvolvimento da reflexão e análise crítica dos jovens.
.....“O Jovem Comunica contribui não só no letramento, mas em muitos aspectos. Um que todo o projeto que atrai o jovem dentro da escola, dá esse espaço para ele poder falar, participar, que traz informações aonde ele pode interagir nessas informações, já é um enriquecimento muito grande. Esse projeto leva o aluno à pensar, a pesquisar, e se ele pesquisa, se ele pensa, ele redige melhor”, afirma a professora Zeni de Azevedo, da escola municipal Antônio Carlos de Andrada e Silva, e completa “eu sinto o aluno mais atento, eles mostram mais responsabilidade, mais atenção. É um projeto que respeita os limites e a individualidade de cada um”.
.....O Jovem Comunica passou por uma reestruturação em 2010 que o dividiu em quatro fases: Cultura Digital e a escola – que aborda uso das novas tecnologias aliadas ao aprendizado escolar, além de ter como eixo temático a Cidadania e a produção do primeiro suplemento “Mundo Jovem Comunica” no Jornal A voz do Lapenna; O que minha escola tem? - uma reflexão sobre o que a escola oferece aos alunos, como também a diversidade presente; Falar e Ouvir, histórias individuais e coletivas – com o tema família os jovens puderam se conhecer além do ambiente escolar e a partir disso produziram programas de rádio. E a última fase, na qual o projeto se encontra: TV e rede sociais, uma forma de contextualizar a solidariedade dentro e fora da escola, inclusive no espectro virtual.
.....“O projeto foi super válido não só para os nossos alunos, como também para os nossos professores, traz uma linguagem que os jovens gostam, que eles conseguem fazer as relações com as necessidades de hoje, do dia a dia, que é mexer em ferramentas da informação, em tecnologias da informação. E isso facilita o convívio, a relação entre os professores, entre eles no dia a dia. E que nós na escola precisamos ficar atentos pra isso, porque é uma outra forma de ele registrar a sua vida, a realidade. Vamos ter uma rede de jovens que estariam conectados por meio das tecnologias da informação e pudessem fazer uma troca das suas experiências enquanto jovens, o que eles aprendem na escola, o quanto que essas experiências aprendidas poderiam ser socializadas e isto permite que eles estabeleçam trocas de saberes adquiridos aqui na escola e fora dela e que eles possam estabelecerem essas relações. É algo que quem trabalha com educação precisa ficar atento e o jovem quanto mais ele se apropriar dessas tecnologias, mais essas redes farão com que ele consiga viver melhor e consiga até perceber que algumas dessas redes são montadas com idéia mercadológica, mas que ele pode remar contra a maré, resistir a esse mercado e estabelecer outras redes mais próprias, onde ele possa ter mais autonomia, perceber que pode superar essas redes que fazem com que os jovens só se apropriem dessas ferramentas para consumir mais. Neste caso, seria uma oportunidade da rede se estabelecer para que esses jovens possam trocar as experiências de jovens, saber o que os jovens fazem, os seus gostos, os seus interesses, os interesses da juventude, principalmente nessa região, que comparada a outras da cidade, está alheia de muitas coisas”, declara a professora Luciana Venâncio, da escola municipal Antônio Carlos de Andrada e Silva.
.....Tanto os educandos como educadores ressaltam o projeto como uma oportunidade de produção de conhecimento diferenciado do que é visto nas grandes mídias. “O que eu gosto desse blog, dessa rádio, da tv que virá, é o enfoque que eles dão, bem mais ético, bem mais cidadão, produtivo, não tem aquele apelo comercial. Os meninos não estão fazendo para ganhar dinheiro, eles estão fazendo porque é gostoso, porque eles estão aprendendo, então tudo que eles estão produzindo é um conteúdo rico, um conteúdo humano, não é contaminado pelos interesses”, avalia a professora Eliana Cristina, da escola municipal Dom Paulo Rolim Loureiro.
.....Além de ser outra opção de mídia para estes jovens da Zona Leste de São Paulo, o trabalho do Jovem Comunica vai ao encontro do artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos “Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras”. Portanto, o Jovem Comunica vai além do aprendizado das ferramentas de comunicação, é um projeto que muito antes de visar aprendizado técnico, visa a formação destes jovens como cidadãos atuantes, pensantes e sujeitos de sua própria história.
Andrelissa Ruiz
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