sexta-feira, 17 de setembro de 2010


Dona Sônia e as lembranças de estudar, vestir e brincar
17-09-2010 10:09

Minha mãe veio do Nordeste, já casada e nós nascemos aqui em São Paulo. Eu acredito que no meu tempo, as crianças levavam a escola mais a sério, e era um tempo muito gostoso, nós tínhamos respeito pelos nossos professores, tínhamos as brincadeiras de criança e de adolescente,era uma coisa mais bonita. Só não aprendeu, naquele tempo, quem não teve oportunidade, já que a escola era muito longe, difícil de chegar.

Eu lembro do tempo que eu usava uniforme: uma camisa branca com uma saia de prega, sapato colegial e minha meia ¾, era obrigatório usar, mais eu achava lindo. Depois foi passando e mudando os tempos, vieram os tempos dos aventais e tivemos que usar, era obrigatório, se não usássemos não entrávamos, era uma maneira de identificar o aluno. Hoje quando o aluno vai para a escola, dá impressão que está indo não à escola e sim ao shopping, se fosse como antes, quando acontecia alguma coisa, era possível identificar que escola o aluno estudava e achar a família.

Acredito que hoje as coisas são mais fáceis, naquele tempo tínhamos que comprar tudo, material, uniforme, hoje se ganha tudo e não se valoriza nada, eu vejo as pessoas ganharem uniforme e fico morrendo de dó, principalmente ali, onde eu moro, eles ganham o uniforme e não querem usar, porque falam que é cafona, é quadrado. Na minha época nos tínhamos adoração pelos uniformes, era tão difícil ter condições de comprar, que quando nossos pais conseguiam, nós tínhamos um carinho tão grande, parecia que tínhamos ganhado um prêmio na Mega Sena. As coisas vinham com muito sacrifício e por isso valorizávamos. Hoje as pessoas têm tudo e não valorizam, perderam a essência pelas coisas, a criança passa de sete anos, já acha que pode fazer tudo, não valorizam mais os brinquedos, as brincadeiras saudáveis, elas querem crescer antes do tempo.

Na minha época as crianças queriam brincar, eu tinha umas duas bonecas de pano, uma era clarinha e a chamava Ana, a outra era escurinha - a “Nega do Leite”, eu gostava de brincar de esconde - esconde, eu era a mais danada na minha casa. Foi uma fase muito gostosa, enfrentamos alguns obstáculos, principalmente na minha infância. Fui criada sem pai, meu pai se separou da minha mãe e nem por isso eu fui uma garota revoltada, nunca deixei de amar meu pai, ele sempre vai ser uma pessoa especial. Tenho lembranças muito gostosas e hoje me sinto uma pessoa feliz e realizada.

Eu estudei no SESI, na época da “palmatória”, por ser muito danada, levei muitas palmadas. Depois estudei no Dario de Queiroz e por ultimo no Arquiteto Luiz Saia.

Com 12 anos eu fui trabalhar para ajudar a minha mãe e então logo casei, com 16 anos, quando eu fiz 17, já tinha meu filho e daí para frente superei muitos obstáculos, mas também foram muitas conquistas. Eu não me arrependo de nada que fiz, porque quando nascemos a gente só passa por aquilo que está destinado e tudo é um aprendizado.

Passei pelos anos 70, dancei muito, fui muito a clubes, eu era menor de idade naquela época e por isso não podia entrar nos bailes sozinha, então minha mãe ia comigo. Quando eu fugia e ia com minhas colegas, o juizado de menores mandava buscar minha mãe. Era um tempo muito severo, hoje os bailes começam meia noite, naquela época, meia noite já estávamos em casa dormindo. Quando eu me reúno com minhas irmãs, dou muita risada das roupas daquela época, os sapatos, eu posso dizer que aproveitei bastante, muito mesmo.

Minha mãe pra mim é uma heroína, ela criou cinco filhos, sozinha, numa época difícil como aquela que fomos criados. Eu estava pensando em voltar a estudar, quem sabe futuramente. Eu fiz até o 6° ano e tenho vontade de terminar.

Em casa eu sempre falo para meus sobrinhos, meus netos, que o estudo é tudo, que podem tirar tudo deles, mas o estudo não, é prioridade. A pessoa que tem estudo ela tem outra visão e consegue chegar onde quer. Nunca estou parada, sempre estou a procura de cursos, meu marido até fala, que eu só vivo caçando coisas para fazer, mas eu falo deixa, isso é muito bom, é uma evolução.


Sônia Maria, 55, moradora do Jardim Lapenna...

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