Esperancear a possibilidade concreta de uma rede de alteridades
Um dos conceitos de rede: uma espécie de paradigma e ao mesmo tempo personagem principal das mudanças em curso, dentro de um cenário em que as tecnologias de comunicação e de informação passaram a exercer papel estruturante da nova ordem mundial.
Esse mundo interligado como num todo, possibilita, e isso presenciamos diariamente nas “ágoras” em escolas ou no espaço público, a necessidade das pessoas comunicarem e serem ouvidas, o que prenuncia, ainda que primariamente a perspectiva do entendimento dos que convivem com a escassez, e esses seriam os maiores interessados nas mudanças e transformações sociais, a necessidade de construir uma democracia participativa, conhecendo a lógica e a estrutura do estado para, a partir daí, pensar e agir coletivamente, no sentido de atingir uma dimensão de melhor viver coletivo, e isso cabe fundamentalmente às comunidades das grandes cidades do planeta que nessa contemporaneidade vivem e revelam a decadência de um modelo o qual insistentemente tem o apoio da maioria.
Claro que todo o processo estruturante obedece predominantemente uma noção hegemônica da conectividade, voltada à instrumentalização e potencialização de uma economia de mercado muito aquém da intencionalidade e necessidade de repensarmos nossas atitudes sedimentadas e fundamentadas no exagero e no aumento da capacidade de adquirir bens e desperdiçar importantes riquezas naturais, modelo fantasticamente espetacular, amparado e disseminado por psicofluídos comunciacionais, a invadir nossas mentes, sobretudo as mentes de crianças e jovens e levando-nos a não utilizar o outro potencial e possibilidade e probabilidade que as redes sociais permitem.
Nossa contribuição é levar por meio da educação nossa ideologia e missão, alinhadas com a necessidade de desenvolvimento local, a provocação para reflexão sobre sustentabilidade e consumo. Estudamos diariamente sobre o conceito de rede e, nas escolas em que temos parceria, iniciamos um processo de utilização das ferramentas e interconexões que permitem ir do espaço ao território, através dos territórios – rede.
A rede desfaz as prisões do espaço, tornando-o território – rede, o que contribui para uma reflexão ou uma ponte conceitual de grande utilidade nas abordagens de geografia nos ensinos médio e fundamental, sempre considerando como essencial ler e escrever sobre as descobertas que essa navegação permite.
Sentimos que nas ações educativas as quais temos a felicidade de compartilhar em algumas escolas públicas de São Miguel Paulista, São Paulo – Brasil, processa-se a coleta de bens simbólicos, afetivos e culturalidade latente, o que leva à revelação de que há disposição humana para a construção de uma rede a qual denominamos de alteridades.
Essa rede de alteridades é escondida pela película espessa de uma maneira de viver equivocado, que desconsidera as atitudes transformadoras e a necessidade de mudar a cultura política dominada pela lógica de processos corruptíveis infelizmente tratada pela maioria dos cidadãos como decorrentes do jogo da realpolitik.
José Luiz Adeve (Cometa)
Coordenador do Núcleo de Comunicação Comunitária SMnoAr
Reflexão a partir da leitura
MUSSO, Pierre. “A filosofia da rede”. In PARENTE, André (org). Tramas da rede: novas dimensões filosóficas, estéticas e políticas da comunicação. Porto Alegre: Sulina, 2004.
PARENTE, André. “Enredando o pensamento: redes de transformação e subjetividade”. In PARENTE, André (org). Tramas da rede: novas dimensões filosóficas, estéticas e políticas da comunicação. Porto Alegre: Sulina, 2004.
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