quarta-feira, 2 de novembro de 2011


Reflexão lítero - comunicacional -
educativa sobre nossa prática política - Contra a cultura da indiferença


“A diferença entre a representação da corrupção pelas mídias e a aparente e criticada distância assumida por significativa percentagem de cidadãos não pode ser explicada pela simples despolitização e muito menos por uma fácil convivência de cidadãos imorais ou amorais com o crime. Talvez as respostas estejam nas relações entre mídias, representações sociais e governabilidade em sociedades heterogêneas e fragmentadas, em que os vínculos entre compreensões e decisões se tornam muito mais complexos e menos previsíveis”.
Jesus Martin Barbero – “Exercícios do Ver” – Editora Senac

Disseminada entre nós a cultura da indiferença também em função da fragmentação de nossa subjetividade, pois aos poucos, consciente ou inconscientemente perdemos nossa capacidade de ser sujeito da experiência e passamos a assistir o que nos é informado como experiência.


Nosso relato também foi fragmentado, asfixiado e a informação consuma a substituição da experiência e da comunicação de nossas vivências e trajetórias. Isso colabora para o enfraquecimento dos movimentos de transformação que objetivam equilíbrio social e equidade.


Os arcanos narradores foram substituídos pelos saberes do cronista, do jornalista e pelas narrativas gastas compostas pelo ‘quebra – cabeça’ de nosso zapping cotidiano. Vivemos uma crise de gêneros e precisamos com urgência fazer valer nosso direito à uma educação de qualidade para todos, que permita inclusive contar, pensar e fazer nossa história individual e coletiva voltada para a construção de uma sociedade sustentável.


Na maioria das vezes elegemos e deixamos para quem tem o poder de articular politicamente com interesses escusos, a incumbência de dirigir, governar e legislar sem compromisso ético e, as “lógicas políticas fisiológicas”, mais o nosso desinteresse e pífia participação inibem qualquer aspiração e atitude para erradicar a doença da corrupção.


Essa doença composta de hordas herdadas desde as capitanias, passando pelas mais remotas combinações entre grupos que se aproximam das riquezas produzidas, é alimentada ainda por muita gente, pois diante das necessidades imediatas alimentamos as “hordas” para obter benefícios e encurtar tempo e distância para resolução de nossos problemas, sendo também necessário reavaliar até mesmo o que produzimos e com que produzimos, o que nos remete a reconsiderar os conceitos de riqueza, crescimento e desenvolvimento.


Narrativas da grande mídia gastas e espetaculares, provocam o distanciamento, desestimulam ações que antagonizam a prática política que ai está e pecam pela abordagem comprometida com a estética e finalidade da exposição publicitária e com esteriótipos de comunicadores conduzidos pela audiência e impacto causado pelo acontecimento, em sintonia com o aumento ou a queda de audiência, a provocar a disseminação da cultura da indiferença, potencializando o jargão: “sempre foi assim mesmo”.


Claro que existem movimentos que se contrapõem a essa cultura da indiferença, com objetivo de despertar a reflexão, porém muitos deles subordinam um conhecimento ao outro, com ações que podemos chamar de educativas e bem intencionadas, porém provocam um embrutecimento explicador e, se também poderiam estabelecer e desencadear uma educação emancipadora acaba acidentalmente institucionalizando tutelas, por considerarem ter muito a ensinar e pouco a aprender no processo, não levando em conta os significados e saberes daqueles os quais os movimentos consideram os mais prejudicados pela péssima conduta da classe política. José Luiz Adeve (Cometa)


Precisamos refletir sobre nossa conduta e estratégias para a construção de uma sociedade sustentável fundamentada no compromisso ético. Precisamos desenvolver competências que considerem a necessidade de mudar nossa maneira de viver e, nesse presente tão perceptível, sobre nossas condições e modelos político – econômicos anômalos manifestar, sim, nosso repúdio à corrupção e ter vontade política para, no mínimo, iniciar o processo de erradicação da corrupção, o qual começa com nossa mudança de atitudes.

1 Comentário:

Anônimo disse...

O texto é bastante instigador, mas subordina um conhecimento ao outro, fazendo-se valer de um artíficio ao mesmo tempo em que o critica.
Talvez, se começassemos a pensar quem somos, como somos, por que somos, teríamos mais argumentos para desvendar quem é o outro. E assim, teríamos mais argumentos para debater por que a corrupção acontece com o outro, pelo outro e não por mim.

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