Temos uma tábua de valores que ainda desconsidera a necessidade da juventude, sobretudo àquela que a economia de mercado convencionou chamar de popular urbana, de poder participar em arranjos e compartilhamentos que não estão fundados nem sobre links, nem sobre relações institucionais, nem relações de poder, mas sobre a reunião em torno de interesses comuns, o que pode levar a aprendizagem cooperativa, sobre processos abertos de colaboração.
O problema é que não alimentamos essa rede que leva a aprendizagem cooperativa, e temos sempre a necessidade de criar dispositivos oikonomicos contemporâneos voltados à manutenção de um modus operandi ditado pelos referenciais das classes que estão além da metade da pirâmide, ainda dentro de uma lógica herdada da igreja quando criou a trindade, em função da propriedade, na admissão das relações privadas e de princípio de hierarquização da sociedade.
O conhecimento para o mundo do trabalho virou uma espécie de bem de consumo, pode ser adquirido, comprado, inclusive há cursos superiores, tanto em instituições privadas, quanto públicas que alteraram suas essencialidades para dialogar diretamente com as exigências de um modelo saturado e que não se sustenta por muito tempo, em função do enfraquecimento de nossas fontes biológicas, mas insistimos em querer colocar nossa juventude de média e alta vulnerabilidade numa forma.
O discurso "vejam esse jovem que trabalhou em condições adversas, que não teve tempo de experimentar a vida e agora é um grande empreendedor" perdeu o sentido. Precisamos pensar e agir para a multiplicação de inciativas voltadas ao equilíbrio de um mundo e de uma gente jovem, ambos ainda marcados pela necessidade de ser aquilo que não se quer ser.
* Norbert Weinner: Matemático – fundador da Cibercultura
Texto de João Lino de Freitas Marques
defreitasmarques@gmail.com
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