Aracaré e as lagoas de um Tietê menino,
não esperavam um aflito leitor de paisagens.
Manuel Feio não imaginava que o leitor
de cenas e enredos de São Miguel,
pudesse seguir o trilho, em busca, quem sabe,
de algo em Itaquaquecetuba, lugar abundante
de taquaras cortantes como facas,
para cortar o mal da cidade pela raiz,
e admirar o desenho das lagoas,
acalentando a tristeza e descompassando
desumana, inumana.
Mara Helena, namorada, seu jardim no nome,
se realidade fosse, atrairia o menino do Lapenna,
vindo de lá de Jacobina, a roubar flores para entregá-las
aos que bem lhe querem bem a cada por do sol,
ao som das rabecas do Lapenna,
a lembrar Pernambuco –
pai – mãe artesãos.
Itaim – pedra pequena,
Pedregulho, seixo, Itahy,
Terras do boi sentado e imbeicica,
cipó resistente, capela de nossa Senhora,
acalmo-me com a reza carmelita – colonização,
mas minha cabeça parece separada do corpo,
e na igreja de São João Batista tento
desvencilhar – me de uma incômoda aflição.
Itrapuá, Itapoá, Poá
rio de muitas curvas,
assim como a vida agora
desse leitor de atos e cenas
de personagens, lugares e valores,
um quase – andarilho a percorrer os trilhos
para quem sabe encontrar em tantas curvas de um rio
que acompanha o trem, um Mogi – motivo para explicar
as cruzes que construímos e não conseguimos carregar até o final da linha,
ao longo dos anos um M’boi, verdadeiro rio das cobras Boigy – Mogy,
conduzido por um sentimento ressentido de infortúnios e tanto desamor pela cidade,
sinto-me o veneno e ao mesmo tempo antídoto da dor do fundo da minha alma paulistana.
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