quarta-feira, 10 de outubro de 2012


                   O segredo comunitário e as novas formas de participação na sociedade
Vivemos a intensidade de paixões e sentimentos, um paroxismo que muitas vezes oscila entre o auge e a angústia. Somos um pouco do Angelus Novus de Paul Klee. Fazemos uma pausa, depois seguimos adiante, mas nossa cabeça está ligeiramente voltada para trás, num eterno presente, permitindo pensar o que é a luz do q se foi, e nossa gente também são os pássaros, as árvores e aqueles os quais procuramos nos aproximar por amor, desejo, necessidade, vontade..

Vivemos nesses tempos que muitos denominam como pós – modernos, uma evidência de que o “eu” de cada um só passa a existir em função de um “eu” coletivo. Nossas histórias individuais só passam a existir para cada um de nós, quando identificadas com tantas outras histórias de tantos outros. Estruturamo-nos ao redor de ideias e afetos comuns e a existência de si a partir do outro e do todo relacional indica o retorno do ideal comunitário.
Mesmo o que julgávamos conspiratório e aparentemente fragmentador do ideário participativo na sociedade, como as deduções sociológicas perenes e imperativamente eruditas, nos leva, agora, a uma vontade de não querer o pré – estabelecido, um modo de viver na sociedade, advindo de conceitos nascidos a partir de um contrato social que não mais atende nossas necessidades ecossistêmicas.
Um “viver teimoso” nos cantos do mundo persiste, por parte daqueles, e não são poucos, que não desfrutam das benesses de uma sociedade fundamentada em valores do “ganha – perde”. Assim manifesta-se até mesmo, por exemplo, a  exacerbação da sexualidade, pois há uma potência nesse viver teimoso (Eros)  e num ambiente ecológico, justificados como fenômenos estéticos (Nietzche).
Os gestos nos fazem e, até mesmo quando ocupamos a rua, para contribuir com a tal comunidade localizada, compartilhando imagens, atitudes e demais ações políticas para melhorar um lugar da biosfera, esse “ajuntório” se torna subjetivo, aproximando gentes e objetos, gentes – gentes, numa convocação de vontades, e uma teatralidade onde todos se veem em todos, pela identificação das histórias com dificuldades sociais e narrativas comuns, como a das novelas, das tribos, até mesmo na cumplicidade de aspectos positivos e negativos, dentro do processo de resolução do imediato, como o de viver dentro do rio, conviver com os desastres do espaço urbano e tantas outras desventuras advindas da desigualdade gerada por um modelo de desenvolvimento imposto a duras penas.  
Os sons, os ruídos, as músicas em alto volume que integram as pessoas, até mesmo as reuniões extasiantes dos religiosos, por exemplo, também, de certa forma desintegram o que seria separação e estímulo ao individualismo, também evidenciam o fim deste, e a volta da vida coletiva (tribos, comunidade localizada), herança de um arcaísmo que se funde com as novas tecnologias, num self orgânico, para além de um self conceitual, além de tantas outras manifestações juvenis em suas raves, baladas, festas, redes sociais que também compõem uma religação afetual.
Assim, surge a necessidade de estabelecer as relações entre todos os seres para uma dinâmica que consiste em estar no ambiente e ter a responsabilidade pela vida, desse presente substancializado pelas virtudes e erros, sendo que para tanto a educação aliada à comunicação tem papel preponderante, não para definir perenidade e condições admitidas por um sistema ultrapassado, fundamentado no “ganha – perde”, mas para evidenciar os saberes e a culturalidade, nascida na criatividade e nas ações de superação, provocando reflexões, a partir de provocações para um exercício de olhar orgânico e mudança orgânicas da oikonomia.
Educação como significado de pensar e juntar ações para  a compreensão da potência das práticas da vida comum, das culturas jovens viventes, num cosmos, o qual diversos elementos se entrelaçam e se interrelacionam para provocar uma descontinuidade simbólica e uma desadaptação do valor criativo predominante,  na construção de um viver que consiste uma teia, criando uma profunda transformação na nossa relação com o território, inaugurando uma nova condição habitativa, numa ousada intenção na qual um letramento, digamos um letramento político - ecológico é essencial.
Talvez o segredo comunitário seja um pouco da volta do conhecimento instintivo, um privilegiar da familiaridade, características das proximidades localistas, nesses tempos em que as tecnologias de comunicação e de informação criam não mais indivíduos inteligentes, mas redes inteligentes, compostas de pessoas em grupos, tribos, a ambiência é propícia para novas formas de participação na sociedade.      

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