sexta-feira, 26 de julho de 2013
Quando o banal torna-se belo como rastro do verdadeiro
Vivendo
nessa urbe por um fio,
manifesto visões
por meio de linguagens artísticas,
sobretudo o
que penso ser a literatura e a cidade,
porém num
dilema entre a distância fundadora da arte
e a ideia de
representação do sensível.
A cada
esquina, logradouros, estações, várzeas,
fugindo do
que imaginava ser divindades citadinas,
a temer a
tensão social como pulsão da morte,
insisto,
diante da constatação em nossa casa,
denunciante
da loucura dos objetos não – simbolizáveis
advindos da
politicidade de inventar fábulas de vida feliz,
em meio ao
desassossego de uma mansarda invadida
pelas
vicissitudes de uma inconsequente transmutação de amor em capital.
Herdeiro dos
carvões, cabides, lampiões de gás,
vivendo a
terceira idade, nos deslocamentos pela cidade,
apelo às
forças da natureza dessa remota terra da garoa,
nesse
coadjuvar pictórico dos devaneios libertários
de
produtores de um mundo desigual, astros e santos
iluminados
pelo brilho das caridades propiciadas
pelo
transbordar dos rendimentos financeiros,
a catalisar migalhas
e repartir, como num quebra – cabeça,
quebra –
galho, quebra – troco, trocado, a oferecer pães abençoados
pelo capital
gerado e alimentado nas relações insustentáveis
e na
ausência de justiça social.
Vejo na várzea
de um rio os amontoados
e por dias,
meses e anos
os signos
dessa história
são dejetos
e, em meio a tudo isso,
insisto em
inventar formas sensíveis,
a erguer os
braços cansados
desses 56
anos ao céu,
para tentar
transpor os limites materiais
de uma vida que
acredito está por vir.
Manhã. Vivo
então em meio à arte,
parafraseando
Jacques Ranciére,
entre duas
ideias:
a
arquipolítica de partido,
inteligência
política a concentrar
condições
essenciais de transformação;
e a
metapolítica da subjetividade
e
experiências sensíveis e inovadoras
da
comunidade por vir.
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