Nasci em Sergipe – Aracajú e morei em Salvador- Bahia por 10 anos e vim para São Paulo com 10 anos também. Quando cheguei em São Paulo fiz a 3° série e a 4° no Carlos Gomes e a 5° e a 6° no Arquiteto Luiz Saia, morei quase 8 meses no Jardim Silva Teles - Itaim Paulista e eu moro quase 46 anos aqui no Lapenna.
Estudei um pouco em salvador, mas quando chegamos aqui tivemos que estudar tudo novamente, eu não lembro muito bem como era a escola lá em Salvador, mas aqui a escola era muito boa e eu gostava muito, gostei do Carlos Gomes e do Arquiteto, os professores eram muito bons. Tem uma professora que eu me lembro e tenho muita saudade, o nome dela é Clera, nem sei se ela é viva ainda, na minha época não tinha palmatória na escola, mas tinha sim na casa da minha Mãe. (rs) Eu acho que sempre fui uma boa aluna, sempre tive boas notas e nunca fui muito de bagunçar. Naquele tempo as mães pegavam pesado e marcavam em cima. Quando eu estudei no Curuçá a escola era perto de casa então eu ia andando, mas aqui em São Paulo a escola já era um pouco mais longe, mas eu ia com minha irmã, então íamos conversando e chegávamos rapidinho na escola.
Quando eu cheguei aqui no Lapenna era mato puro, nunca pensei que poderia evoluir tanto. Aqui nessa rua onde eu moro na “Cabo Wagner Soares” era tudo barraquinho de madeira e muito mato, tinha bastante ciganos aqui, eu contava nos dedos as casa que tinham, as casa eram todas de um a dois cômodos, não tinha esgoto, não tinha luz, não tinha água, começou a aparecer postos quando meu irmão nasceu há uns 45 anos atrás, aí muitos anos depois que veio o asfalto. Aqui também tinha uma lagoa azul. O Lapenna se resumia a mato e lagoa. Nessa época como não tínhamos água encanada nós tínhamos um poço, toda família cavava seu poço, mas na maioria dos poços daqui do Lapenna a água era suja, então quase não servia nem para lavar roupa. Só a vizinha da frente que tinha água boa. A gente pegava água ali onde hoje é o açougue, lá era a casa do Bezerra, chamávamos ele de Zé da Torneira, pegávamos água lá para cozinhar e beber, a torneira era em frente a casa dele e ele dava água para todo mundo, por isso Zé da Torneira.
Na rua de cima tinha a balça, e tinha um campo de futebol. Minha mãe fazia cocada e nos levava juntos para vender, e nós ficávamos brincando lá. Quando acabava o jogo vinhamos embora. Onde é o Mercado Costa tínhamos que atravessar de balça, lembro-me da rua principal que hoje é a Almiro dos Reis, não tinha a passarela, nós passávamos a linha do trem e saia na avenida.
Comecei a trabalhar com 16 anos, numa firma de vidro lá perto da rodoviária, depois ainda trabalhei na Vila Cisper e fiquei 8 anos na Iorque. Quando eu engravidei do Tales eu estava trabalhando na Santista, engravidei com 35 anos.
Eu tenho muita vontade de terminar os estudos, agora eu estou meio afastada do Galpão por que estou com um problema na vista, mas não gosto de ficar afastada, gosto muito dos cursos que oferecem no Galpão, eu adoro a cozinha do Galpão, adoro a turma do Galpão.
Tenho muito orgulho de fazer parte da história do Lapenna, aqui eu vi e vivi muitas coisas, vi toda a evolução do Lapenna, e não quero sair daqui não, adoro esse lugar.
Maria Reginalva do Santos
58 anos
Moradora do Jardim Lapenna
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