terça-feira, 17 de maio de 2011

Desabafo e dúvida de um educador social
Marcos Lazarini de Oliveira - 44 anos - morador do bairro de Perus, trabalhou na Fundação Casa e nos conheceu recentemente em uma roda de conversa.

Bem aventurados aqueles que são recebidos
pelas escolas após terem cometido infrações,
mesmo após cumprirem medidas
socioeducativas enquanto
tantos outros padecem
no paraíso da sociedade
hiperindividualizada,
estigmatizados
pelas telas,
tantas teias
da hiporcrisia.

Bem aventurados aqueles, protegidos por lideranças,
que abrem portas de gabinetes para inclusão,
a partir de encanamentos institucionais,
viciados fisiologicamente e, ainda bem
que foram salvos, ou no mínimo
acolhidos momentaneamente,
numa salvaguarda conveniada
pelo poder público,
o que seria
garantido
por lei.

Bem aventurads os que podem disputar espaços de convivência,
alimentados por patronos influentes, enquanto outros zumbem,
zanzam à esmo na cidade feito zumbis com pupilas imensas,
a alimentarem a tensão social com peripécias
como as pedras queimadas da sociedade
descontrolada, destemperada, é essa
gente feito pedra jogada no lixo, sobra
de uma festa febril que consome
alma e neurônios dos idiotizados
pelo senso comum
da aprovação
absurda,
anômala
gente.

Bem aventudados os que não vivem sobre os córregos,
rios poluídos, encostas, morros, aterros, transbordos,
chorume humano, beneficiados que foram
por programas que no máximo propõem
colocar um curativo na ferida,
sem antes entendê-la
como da ordem
intrínseca ao
estado das
coisas
de um estado sem pé nem cabeça, muito menos coração,
numa desintegração idêntica do Poder Público.

Bem aventurados os que não foram alvejados pelo desatino,
loucura ou violência gratuita e aos que escaparam
da condição sub - humana, o que os distanciam
do que julgamos e proclamamos
como deliquência e crime.

Bem aventurados os alunos que utilizam ferramentas da modernidade,
na construção de uma rede cidadã, como tive o prazer de conhecer,
em meio à dúvida, descompasso entre o que é ser cidadão
e o que é ser consumidor nesse cotidiano espetacular
de avalanches e ações midáticas alienantes.

Bem aventurados os educadores das escolas públicas,
que em meio ao sucateamento dessa instituição,
fazem tudo o que fazem sem poder participar
das decisões intrínsecas aos planos
e metas do ensino - aprendizagem.
Ouvem: cumpra-se.

Bem aventurados os que vivem a desventura sem perceber esse sofrimento,
seja por ignorânica, letargia ou inércia, pois apesar de tudo,
esses têm a experiência do convívio com a escassez
e, quando acordarem, terão propriedade e sentido
para trasnformar a sociedade.

Em meio à toda boa aventurança permanecem as questões:
existem humanos dispostos a incentivar, estimular
e colaborar com as mudanças em nossa sociedade?
Será que estamos dispostos a pagar por uma
sociedade decente?

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