Rio – gente. Gente – rio
Antonio Cardoso Siqueira - 34 anos
Morador do Jardim Romano
Moro em cima do rio.
Disseram-me na margem.
Mas estou dentro do rio.
Não tenho culpa
e nem culpo o rio,
pois o rio vive na minha casa
e minha casa vive dentro do rio.
Parece que o rio é gente
e a gente é rio.
Quando tudo se mistura
durante e depois da chuva,
tanto a gente, quanto o rio
desatinados nos misturamos,
e somos rio e somos casa,
somos rua, água, cidade,
e somos gente - rio
e rio - gente.
Depois é por tudo que sobrou para secar.
Ah, o rio, ora o rio, volta para o lugar
que a gente decidiu dele ficar.
Somente quando aumenta
a quantidade d’água,
o rio volta para o caminho – rio.
E quem está no meio do caminho?
- A gente.
Essa história sempre se repete,
desde que a gente é gente,
desde que o rio é rio.
Só que agora tem
muito mais gente
e muito mais coisas
dentro e fora do rio.
A gente, às vezes,
até esquece
que o rio
é rio.
A gente, às vezes,
esquece que aqui
tem rio.
Acho que na verdade
a gente, assim, não gosta tanto do rio,
e quiçá o rio também não goste tanto da gente.
Se ainda a gente
pudesse nadar nesse rio,
e se assim fosse,
acho que o rio
ia gostar mais,
gostar mais
da gente
e de ser
rio.
Sabe, às vezes,
acho que o rio,
fica triste em ser rio,
e a gente em ser gente,
pois tanto para gente,
quanto para o rio,
as coisas estão difíceis
e daí bate um tristeza – gente,
e daí vem um tristeza – rio.
Mas esse rio tem tanta história,
tem lendas e pássaros tiês,
mas a gente também tem história,
mas só falta uma:
a de cuidar do rio.
A gente deve essa
para contar que o rio
pode contar com a gente,
porque o rio é rio
e a gente é gente,
quem sabe o rio
precise da gente
para continuar a existir,
a gente precisa ajudar o rio,
assim o rio pode ajudar a gente.
sábado, 14 de maio de 2011
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