Núcleo de Comunicação Comunitária SM no Ar

Sintonia da Cidadania

Rádio de Rua no Jardim Pantanal nesse 30 de abril

estimula a participação comunitária e reflexão política

A rua é de terra. Em alguns momentos temos a impressão de que estamos dentro do rio, Tietê é seu nome. Rua Erva do Sereno. Feira livre, sábado, 30 de abril, Jardim Pantanal. Armamos a tenda, aguardamos convidados para a Rádio de Rua.

Enquanto isso, a movimentação dessa gente, ainda invisível para o poder público, contra - parafraseando o sentido de Italo Calvino no livro “Cidades Invisíveis”. Nossa cidade não é invisível, na verdade os cidadãos amontoados nos pontos críticos da cidade tornaram-se invisíveis aos legisladores e governantes. Talvez pela cegueira provocada por interesses prioritariamente voltados para atender demandas dos grupos que se instalam de poder citadino, e nós precisamos exercer o devido controle social, para cobrar o cumprimento das metas anunciadas midiaticamente e documentalmente pelo poder executivo.

Mas aqui estamos nós, nesse sábado, a pouco carrancudo e cheio de nuvens, a debater com as pessoas do lugar e convidados questões que dizem respeito às crianças, adolescentes e à cidade. Talvez esse não seja um tema de interesse espetacular, pois neste fim de semana, futebol, Fórmula Indy e memórias de casamento real interpenetraram as mentes e os corações.

Porém insistimos. Uma educadora - psicóloga que trabalha com adolescentes que cumprem medidas sócio-educativas e um facilitador da UNICEF - Plataforma dos Centros Urbanos são os convidados da emissora de Rádio de Rua. Aos poucos as pessoas do Jardim Pantanal que passam pela feira participam do debate e a ação torna-se ainda mais educativa, pela imbricação de sensibilidade, espontaneidade e informação qualificada.

Enquanto trabalhamos também sentimos o quanto é importante estimular a ocupação do espaço público, com debates pertinentes a um melhor viver junto, e com essas ações colaborar para a desconstruição do espetáculo comunicacional hegemônico, e perceber quem somos nessa cidade, para se reconhecer e reconhecer a rua, por exemplo, como espaço e mídia-livre, para aprender, ensinar e participar.

Adolescentes manifestam suas impressões. O ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente é visitado. A produção dessa rádio a cargo dessas jovens de São Miguel Paulista, que compõem o Núcleo de Comunicação Comunitária São Miguel no Ar da Fundação Tide Setubal. Jovens comprometidas ideológica e politicamente exercem o papel de provocadoras a despertar os sentidos, visões e saberes de tanta gente sobre a cidade. Sinto – me mais vivo em participar e contribuir nessa intervenção.

Apesar de não registrar traços de GRP, ou seja, pontos de audiência bruta, nem mesmo chamar a atenção de grande parte dos mantenedores das composições não governamentais, que se autodefinem como integrantes de uma rede de solidariedade e construção da cidadania, a rádio de rua, na rua, segue sua programação.

Identificação. Nesse sábado como Rádio Plataforma dos Centros Urbanos pretende, como sempre, possibilitar, dar voz e vez, a quem resiste às adversidades dessa Unidade Administrativa que é a cidade. Sim, façamos ouvir a emissora, re – emissora coletiva, em meio a tantas freqüências sem conectividade nenhuma com o desenvolvimento pleno da consciência política.

Aqui mesmo numa feira livre. Falamos diretamente da quebrada, de onde se quebra o trato, o acordo, de onde ainda se alimentam formas fisiológicas de articulação, “toma lá – dá cá”, com legisladores e governantes que precisam aprender a respeitar a confiança que o sufrágio os deu. Esse aprendizado depende substancialmente de nossa participação e mobilização comunitária, pois assim estaremos sintonizados com a democracia, o estado de direito e com a possibilidade real de mudar práticas e modos de administrar a nossa cidade.