REFLEXÃO SOBRE O MOMENTO PRESENTE DO NÚCLEO DE COMUNICAÇÃO COMUNITÁRIA
“Penso que quando movido pelo misto de desprendimento e obstinação que habita a alma de muitas pessoas artistas, qualquer projeto de arte e de comunicação, por mais simples que seja, ajuda o mundo a se tornar melhor”.
Lúcia Santaella
Livro “A ecologia pluralista da comunicação”
A partir desse pensamento de Lucia Santaella reflito sobre o nosso trabalho arte - educomunicacional em São Paulo nos territórios de São Miguel Paulista, Vila Curuçá, Itaim Paulista, Guaianazes e agora Vila Domitila que tem na reflexão sobre o espaço estendido, físico e virtual, a compreensão que as mobilidades físicas, imaginárias e cognitivas, além da culturalidade possibilita estimular a participação comunitária de estudantes da rede pública, moradores e educadores, feito um rio, no sentido de produzir conhecimento e comunicar, como também qualificar a informação.
Esse processo – rio é alimentado por afluentes, conectando identidades locais ao mundo, comprovando, até agora, que a comunicação pode ser exercida e produzida democraticamente pelas pessoas, que assim se reconhecem como sujeitos do mundo.
A democracia, a que me refiro, dialoga diretamente com a arte inerente a manifestação e leitura do mundo que cada indivíduo traz como contribuição e condição humana.
Assim na constante busca de possibilitar a amplificação dos sentidos e sentimentos das pessoas com as quais nos relacionamos nas ações educativas, utilizamos linguagens e tecnologias que reconhecem na conectividade, mobilidade e ubiqüidade a tríade da difusão de provocações para o pensar político e sobre mudanças comportamentais, em relação à prática de idealizar, fazer e viver junto, na constante busca do equilíbrio e equidade.
Atuamos em escolas de São Miguel Paulista com educadores e alunos e no território com moradores, para o fortalecimento de coletivos que dialoguem entre si e com os demais pontos, núcleos comunicacionais e/ou artísticos, numa dinâmica educativa, a princípio, desde 2008, com pressupostos estabelecidos a partir de estudos pioneiros de Educomunicação do Núcleo de Gestão de Comunicação da Universidade de São Paulo.
Porém hoje, fruto da experiência de trabalhar com cerca de 900 pessoas em ações de letramento, produção de comunicação, de estímulo à utilização de linguagens artísticas e comunicacionais, para que o público (educadores, educandos, moradores, adultos e jovens), expresse suas trajetórias de vida, leitura e compreensão do bairro, da cidade e do mundo.
Para tanto estabelecemos uma dinâmica de atividades que contribui com a democratização da produção de comunicação, ou seja, concomitantemente à elaboração e instauração de um veículo é necessário que as pessoas, sobre as quais imaginamos serem nossos leitores, sejam mais que leitores, sejam narradores, a contar suas histórias e assim percorrer com seus sentidos o ambiente estendido, o comunicacional e o cultural, onde estarão difundidas e dispostas ao compartilhamento, manifestações, símbolos e significados desses leitores, expectadores ou quem sabe internautas? Ou tudo isso?
José Luiz Adeve (Cometa)
Coordenador Núcleo de Comunicação Comunitária
Fundação Tide Setubal
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