terça-feira, 9 de agosto de 2011

As brincadeiras de criança
me ensinaram a educar


Por Ana Lúcia de Campos - professora de Língua Portuguesa na EMEF Antonio Carlos de Andrada

Eu sempre gostei de estudar. Estudei numa escola muito boa, que foi o Silva Prado, no Jardim Popular, minha família inteira estudou lá. Mas eu tenho bastante lembrança de infância por conta da minha família.

Primeiro porque nós somos em sete irmãos, com cinco meninas, eu sou a penúltima, e uma família completamente matriarcal porque a minha mãe fez o favor de ter a mesma quantidade de filhos que a minha avó. A gente fala que a nossa família é afro-italiana, porque toda aquela concepção de família que os italianos tem, aquelas mesas enormes, nós tínhamos isso.

Nós passávamos o tempo todos juntos e a gente aprontava bastante. O que a gente mais fazia era brincar no quintal. A minha casa sempre foi muito grande, e no fundo da nossa casa meu pai construiu um quartinho, que era aonde nós brincávamos.

Chegou uma época que a gente começou a brincar de supermercado. Então nós andávamos pelo bairro, pegávamos recicláveis, lata, caixa vazia, porque naquela época era tudo muito em caixa ou lata, fazíamos prateleiras e brincávamos de venda nesse quartinho. E ele era todo montado. Aí meu pai deu cal e nós pintamos a parede, fizemos um mercado completo, tinha até máquina registradora!

Você já experimentou enrolar uma folha de caderno, deixar uma parte inclinada e bater em cima? Faz o mesmo barulho de uma máquina de escrever, e isso era a nossa máquina registradora. Nós fazíamos também o dinheirinho e conforme o mercado foi ampliando nós resolvemos fazer bolo.

Então naquela época onde eu morava, que era ali perto da ponte rasa, existiam aqueles morros daquela argila colorida. Nós fazíamos bolos completos com aquela argila, fazia cobertura e tudo, e nós ainda deixávamos secar ao Sol. E meu pai trabalhava à noite e quando ele chegava de manhã cedo, ele via aquela imensidão de bolos lá no quintal.

As minhas primas passavam as férias na casa da minha mãe porque tinha o bendito do mercado para brincar. E não contentes com o mercado nós resolvemos fazer o hotel. O hotel era no nosso quarto, porque como eram muitos filhos nós tínhamos beliches. Então as camas de cima eram os quartos mais luxuosos. E a minha irmã Regina andava pela rua pegando chave pra fazer o molho de chave do hotel.

E teve uma vez que nós estávamos lá, nas férias, todas as minhas primas, eram umas quinze meninas, e todo mundo brigando porque queria ficar no quarto melhor. As meninas resolveram subir no beliche e brigar, e o estrado quebrou, caiu todo mundo uma em cima da outra, e nós ficamos 15 dias de castigo sem poder brincar no mercado nem brincar de hotel.

Eu acho muito legal se for comparar como a gente brincava antes e como as crianças brincam hoje. A gente aproveitava melhor os espaços, e tudo isso me ajudou a ter uma outra maneira de lidar com meus alunos. Eu tenho algumas salas de 5ª série, por exemplo, que são um pouco difíceis e são agitadas, mas aí eu entro na agitação também. Me ajudou a entender bem o universo deles e a ter uma outra percepção.

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