sábado, 8 de outubro de 2011


Diário de Educador
Antonio Siqueira Mattos
Prof. de História
E.E BAIRRO PEQUENO CORAÇÃO
Itaquaquecetuba - SP

Individuo, sujeito e a nação corinthiana



A nação corinthiana foi identificada como tal pelos jovens naquela tarde, pois segundo eles, os sujeitos que a compõem, entoam os mesmo cantos, vestem as mesmas cores e, além disso, tem os mesmos sentimentos e sentidos comuns, caracterizados por expressões que valorizam e até afirmam, na peleja futebolística, a disposição da luta e a exibição da força, seja ela física ou afetiva.



Pouco importa para a maioria a história e a continuidade cultural dessa nação e de tantas outras, nascidas na lógica da indústria e dos aparelhos especializados, internacionalizando os mundos simbólicos a partir da publicidade e do consumo, a segmentar o povo, ou melhor, a multidão em públicos construídos pelo mercado.



Ao mesmo tempo existe uma predominância do vazio cultural e, a desimportância territorial, faz da cultura nacional – local, diante da cultura planetária, provinciana e carregada de laços paternalistas. Mas uma comunicação entre as gerações, no que diz respeito à memória longa dos povos, resiste dentro dos equívocos e inequívocos sentimentos da nação, ao projeto de universalização.



Percebemos nos jovens naquela tarde que a nação identificada por eles, traz em sua organização enérgica de afirmação e fronteirização a potência do mercado a imprimir marcas e produtos na identidade estabelecida pelos patriotas – cidadãos – consumidores, o que faz surgir sub – identidades.



Qualidade e preço das camisetas desenham a diferença de classe social que compõe a nação corinthiana, sendo que os ídolos dessa pátria estampam e difundem mercadorias na redefinição do que se entende como esporte, atleta e se instaura uma economia de mercado constituída por fluídos midiáticos, investimentos, na perpetuação da espetacularização do esporte.



No "mercandejar" pelos mares da razão e do sentimento de fazer parte de comunidades em que o sentir tem lastro e, organicamente é invadido, pelas falações e edições muitas vezes inconseqüentes, para uma audiência sedenta por vitórias, tudo em meio à dinâmica de uma sociedade debilitada, vamos torcendo e vivendo por aqui que o mestre mercado mandar.



O gol, por exemplo, não é conseqüência de um esporte, é um investimento, envolvendo desejos, necessidades e vontades, que ultrapassam a realidade e nos leva, enquanto torcedores dessa nação, ao delírio de adquirir aquilo que se identifica com a nossa paixão.



Depois do apito final, talvez possamos perceber a posição irregular em que nos encontramos, porém a regra ainda não é clara, ela garante o lucro a partir do nosso envolvimento de se vestir com a imagem e a forma oferecidas, as quais não necessariamente seriam as melhores, ou as que mais se identificam com o que somos e pensamos, pois não fazemos parte da elaboração das coisas, mas coisificados vivemos.



Gosto do Corinthians e meus alunos, a maioria, também e agradeço, desde já, a publicação desse texto.

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