
Preparativos para a Rio +20 e Balanço sobre Biodiversidade, 20 anos após a Rio 92
Washington Novaes, jornalista, é supervisor geral do Repórter Eco.
Da mesma forma que as mudanças climáticas, a proteção da diversidade biológica - que também teve uma convenção aprovada em 1992, no Rio de Janeiro - não será um tema específico da conferência Rio + 20, em junho próximo. Só entrará indiretamente na discussão.
Em 1992, a perda de florestas era da ordem de 17 milhões de hectares anuais com a derrubada de florestas tropicais - quase 500 quilômetros quadrados por dia. A perda de espécies era de 300 por dia. Já se haviam perdido 20 por cento do solo fértil do planeta. E a desertificação avançava 60 mil quilômetros quadrados por ano.Foram então estabelecidas metas para reduzir as perdas, porcentagens dos ecossistemas a serem protegidas, inclusive nos oceanos.
Vinte anos, passados, diz a ONU que já perdemos um terço das terras férteis do planeta. Estamos consumindo 30% além da capacidade de reposição do planeta em recursos naturais. Perdendo uma quantidade incalculável de espécies vegetais e marinhas a cada ano - embora elas sejam a garantia de futuro. No Brasil mesmo, o desmatamento em todos os biomas ainda está em quase 20 mil quilômetros anuais.
Em 2010, no Japão decidiu-se aumentar a porcentagem de terras e de zonas marinhas a terem leis de proteção. Mas já ali as discussões mostraram que, para cumprir os planos, serão necessários 300 bilhões de dólares por ano dos países industrializados, para ajudar os demais a atingir as metas. Será preciso definir onde se poderá aumentar em 70 por cento a atual produção de alimentos no mundo para atender ao crescimento da população.
E essas metas são dificílimas, porque incluem atribuir valores financeiros a recursos e serviços naturais, contabilizar os custos de danos à biodiversidade - e incluir esses custos no preço de cada produto -, além de incluir no cálculo do produto econômico de cada país o valor da biodiversidade - como a fertilidade do solo, o fluxo das águas, a regulação do clima etc. E pagar aos países pela conservação de florestas e muito mais.
Com que legislação, que acordos internacionais se fará isso ? Mas é indispensável fazê-lo. E de alguma forma a discussão sobre economia verde na Rio + 20 terá de entrar nesses terrenos.
Washington Novaes, jornalista, é supervisor geral do Repórter Eco. Foi consultor do primeiro relatório nacional sobre biodiversidade. Participou das discussões para a Agenda 21 brasileira. Dirigiu vários documentários, entre eles a série famosa "Xingu" e, mais recentemente, "Primeiro Mundo é Aqui", que destaca a importância dos corredores ecológicos no Brasil.
domingo, 8 de abril de 2012
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Postar um comentário