terça-feira, 6 de novembro de 2012
Educação Integrada –
Projeto Jovem Comunica
Pensar, descobrir e
fazer junto
“Ajudar-se mutuamente, encontrar
novas formas de solidariedade, de generosidade, criar ocorrências caritativas,
há tantas ocasiões para vibrar junto, para exprimir ruidosamente o prazer de
estar junto...”
Michel Maffesoli
Em 2009 decidimos replicar em escolas nossas experiências em
educomunicação, descobertas nos coletivos com os quais nos relacionamos
educativamente, e aplicadas durante três anos, com a participação nesse experienciar
de 70 jovens de São Miguel Paulista, mais 08 educadores que passaram pelo
Núcleo de Comunicação Comunitária – São Miguel no Ar da Fundação Tide Setubal,
num pontinho dessa biosfera, terra, propriamente no Jd Lapenna e São Miguel
Paulista. Iniciava-se o Projeto Jovem Comunica.
Tínhamos a intuição, o que mais tarde norteou a criação de
nossos indicadores, de que ações e práticas educativas em escolas públicas
deveriam aproximar educador - educando e, a “quarta parede”, a tal parede
invisível na relação entre os produtores de conhecimento do ambiente escolar,
professores e alunos, configurava-se como obstáculo para o desenvolvimento de
habilidades e descobertas de potencialidades, tanto dos educadores, quanto dos
educandos, diante também da necessidade de colaborar com o rompimento do distanciamento
escola – território, no que definimos como uma educação integrada e que hoje,
após reflexões e estudos, sobretudo a partir das novas formas comunicativas do
habitar a demanda da contemporaneidade por uma educação ecossistêmica.
Assim, desenvolvemos algumas estratégias e caminhos para
estabelecer dentro dessa percepção de integrar território - escola, práticas
educativas em parceria com os docentes e discentes de escolas públicas, que
pudessem dar conta da necessidade de integrar os conhecimentos em relação ao
lugar onde se vive e tecer junto com as disciplinas escolares um tecido de dimensão interativa e digital,
estimulando o olhar para o território, num circuito conectivo, numa cultura do
habitar, numa espécie de “ensaio de aprendizagem” sem um centro, mas com pontos
irradiadores colaborativos, somada à vontade política, nascida no
entrelaçamento dos desejos de bem viver junto.
Planejamos nossas ações de educomunicação nas escolas, com a
participação de grupos híbridos, educadores e educandos, montamos uma equipe
composta de jovens ex- integrantes do Núcleo e, a partir de reflexões e estudos
sobre sociedade em rede, ou melhor, toda estrutura que consiste inserir-se nas
redes, explorá-las e introduzir no movimento da Oikonomia (colocar a casa em
ordem) também os afetos.
Desenhamos um caminho, uma estratégia com finalidades em
descobrir e utilizar as tecnologias contemporâneas para a inteligência
conectiva, como uma nova forma comunicativa e educativa de pensar, estudar,
descobrir e fazer junto, peças de comunicação com potencial e intencionalidade
endógena, ambiente escolar, e também para além dos muros da escola.
Um primeiro caminho com educadores e educandos do Ensino
Fundamental II foi o que denominamos “O corpo que movimenta a rede” que
“navegou” em rodas de conversa e atividades voltadas ao letramento, com o
desenvolvimento de peças de comunicação, consequente experimentação de
linguagens de comunicação, contextualizando a necessidade de sermos, além de
passageiros das redes sociais e na nossa localidade, também pilotos, ou seja,
também temos um papel de emissor e produtor de conhecimento, na valorização
dos nossos saberes, além de refletir sobre o nosso corpo na portabilidade
cultural, marcas e símbolos, e de como levar o local para global, que consiste
também em ocupar a rua, além das redes sociais, com intervenções e rodas de
pensar num melhor viver coletivo.
Os resultados dessas reflexões foram blogs, vídeos, matérias
para o Suplemento Jovem Comunica no Jornal “A Voz do Lapenna”, que foram e são
compartilhados nas intervenções de rádio e TV Comunitária no espaço público de
São Miguel Paulista (ruas e vielas), e no espectro digital no endereço nccsaomiguelnoar.blogspot.com.br, blogs das escolas, além de movimentos
e ações dentro das escolas, protagonizados por seus atores, que abordam e
provocam reflexões ligadas a necessidade de repensar o viver em função dos graves
desequilíbrios ambientais e desigualdades provocadas por um “modo de viver”
(modelo de desenvolvimento) que necessita ser mudado. (Veja alguns vídeos e matérias produzidas pelas escolas no
endereço acima grifado).
Cada dia da semana, nossa equipe está em
uma escola pública, reunida com educadores e educandos, num processo também de
estudar a localidade, além das ações de letramento, utilizando a comunicação.
Assim, em 2012 surge uma via educomunicativa transversal, um caminho que
denominamos “Habitar é Comunicar”.
Esse percurso, definido em parceria com os educadores e as
coordenações pedagógicas das escolas as quais afetivamente denominamos como
“cuidadores” foi dividido ao longo do ano em três momentos: geografia do corpo
na cidade (mobilidade urbana e cartografia); o organismo da cidade (rios,
mananciais, estrutura, ruas, pontos afetivos); como a cidade funciona e o que
sonhamos para ela a partir da comunidade localizada, e seus resultados
podem ser compartilhados também na web.
Atualmente nos relacionamos diretamente com 120 educandos e 70 educadores e
indiretamente com um universo de 5.000 pessoas conectadas por rádios – escola,
práticas educomunicativas em sala de aula, intervenções comunicacionais de
caráter educativo no espaço público e produção colaborativa para jornal
comunitário, público leitor desse veículo, numa teia a qual sua principal
contribuição é “esperancear a possibilidade concreta de uma rede de
alteridades”.
Também destacamos que em função da ambiência estabelecida
por dois grandes eventos esportivos de caráter global em 2014, nasceu uma
proposta com jovens da comunidade do Jd Lapenna e Jd São Vicente, de um
conjunto de ações para trabalhar em parceria com professores de educação física
das escolas públicas, uma forma de “letramento esportivo”, em função das
alterações da geografia da localidade, no sentido de contribuir, utilizando
linguagens de comunicação e mídias digitais, que também objetiva colaborar para uma melhor
convivência escolar e ampliar os sentidos dessa disciplina que dialoga com
aspectos pululantes e pulsantes da contemporaneidade: o corpo, a comunicação e
as questões ambientais.
Acreditamos, como bem observa
o filósofo e sociólogo Michel Maffesoli, que talvez o segredo comunitário
e quiçá educativo (grifo nosso) seja um pouco da volta do conhecimento
instintivo, um privilegiar da familiaridade, características das proximidades
localistas, nesses tempos em que as tecnologias de comunicação e de informação
criam não mais indivíduos inteligentes, mas redes inteligentes, compostas de
pessoas em grupos, tribos. A ambiência é propícia para novas formas de participação
na sociedade.
Equipe do Núcleo de Comunicação Comunitária São
Miguel no Ar
Fundação Tide Setubal
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