sábado, 10 de novembro de 2012
Fotografia: Allan Werigues (12 anos - morador do Jd Lapenna)
Prezada e manifesta literatura,
Aqui quem lhe escreve é um livro que em meio a tantos textos, falas,
cantos e ritos
pode observar e interagir com as praças, calçadas, escolas, rios, ruas,
árvores, gentes, pássaros que se encheram de vida e animicamente animaram
pontos de um território – autor escritor,
autor este que escreveu com gestos, danças, poesias, cantos, encontros
e cordas de uma lira,
lida de literalizar a cidade, sobre a existência da arte, esta muitas
vezes adormecida
e obnubilada por um enredo urbano teimosamente injusto e desigual,
o qual desconsidera a poesia, os saberes e as narrativas nascidos
em meio ao processo de superação de tantas adversidades
nos cantos da cidade tão visíveis,
mas que se tornam invisíveis,
apesar de tanta história
para contar e ensinar.
Senhora literatura, a senhora ficará feliz em saber
que por essas vias e redes dessas bandas
largamente expressivas e sensíveis
na Zona Leste de uma cidade,
as flores não estiveram
nos shoppings centeres,
e sim no espaço
e cyberespeaço
público.
A senhora, dona Literatura, deve ter sentido
que as crianças, jovens e adultos invadiram o ambiente,
ruas, vilas e vielas e, os que eram vistos até então como coadjuvantes,
tornaram-se atores principais a revelar suas potencialidades, práticas
de letramento
e sensibilidades, compondo uma arquitetura – poética, a arquitetura do
diálogo, do verso,
da prosa, numa inteligência conectiva e literária, feito uma obra de
arte – cultura a significar
coautorias que descentralizaram o saber, apesar do esforço inconsciente,
a senhora bem sabe,
de alguns poucos, queremos crer, em alimentar a hierarquização do saber
e do sentir,
porém, Senhora Literatura, esses foram vencidos por aqueles que sentem
o saber
e sabem que o sentir nasce de um entrelaçamento de sonhos numa
geografia
da alma literária, numa utopia possível, a conectar educadores,
educandos
a trocar lições, afeições, lítero - encantos preenchendo melodias
e noites a irradiar uma pedagogia da esperança, comunidade,
jovem, criança, pássaros, plantas, rios, oceanos de afetos.
Isso tudo, querida senhora Literatura, num pedaço de mundo,
numa comunidade de sentidos, localizada e vivificada
por um simbólico composto, aqui cabe poesia,
de uma praça do Forró, arcanjo Miguel,
guainases, nordestinos, paulistas,
paulistanos, minas, manos,
Galpão, todos arcanos
e sabedores de que a literatura,
assim como “a poesia é de quem precisa dela”.
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