Quase que como num conto de Aglaura
persiste o elemento estranho,
uma intrusão da estranheza
com musicalidades não convencionais,
a compor uma comunidade,
um micro – corpo social
com a fusão do aqui e do alhures,
nos cantos, encontros orgiásticos
a propor e estabelecer
uma fusão de contrários,
comprovando que a civilização
enlaguescente necessita de bárbaros
para regenerá-la.
Somos apátridas nesses momentos,
simbolizamos um outro país,
escolhemos a terra,
esse ventre que nos acolhe,
apesar de nossos caldeamentos,
com a potência de Eros
e a transgressão de Dionísio
não queremos império,
nem hierarquização
de poderes e saberes,
somos e desejamos a miscigenação
e a mobilidade de todos os sentidos,
sem temer o estrangeiro,
pois nosso micro – social
nasceu da sensação que tivemos
de sentir que éramos estrangeiros,
apesar de entoarmos os cantos
e os acordes da essencialidade
que julgamos ser de todos,
e que natus sensus produziram cultura,
temos consciência dos desmanches
e da condução pelas naves e vias
do pensamento antropocêntrico
o qual também estabeleceu
diferenças sociais cruéis.
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