terça-feira, 25 de junho de 2013

Ruas Nuas

“Quer dizer então que a gente não pode ter água
por estar dentro do córrego, mas tem um cara que cobra miliquinhento...
ah... a gente tem que sair, mas e as crianças, a gente acreditou no pessoal
que chamou para ocupar... nossa parece tudo muito parecido, tudo tem que pagar
pros outros, tem até santo, religioso cobrando da gente para gente ter uma casinha.”
Camila Cristina Colodiano
Moradora de uma área da várzea do Tietê

Há tempo em que as ruas não falavam, nem expressavam as sensações e reações aos desatinos e descompassos do preço pago pelos citadinos da base de nossa pirâmide de Babel mantenedora do predomínio de atitudes corruptas e corruptíveis de um estado que insiste em preservar uma natureza e uma cultura de governar que passam a conta dos desmandos e combinações promíscuas àqueles que recentemente foram contemplados com as migalhas da riqueza de um país para consumir um pouco do que sobrou para consumir, “país que tem de tudo e não tem nada, tem muita fartura para poucos, muita miséria fome para tantos, uma terra sem graça, engraçada....” (canção em anexo)
Secularmente dominados pelos controladores dos caminhos e fluxos do capital, altamente especulativo, oriundo de contatos entre grupos alimentadores de políticos corruptos, a brava gente brasileira sempre foi desconsiderada, essa gente pendurada nos trens, nos ônibus lotados...
. Assim, em meio ao estado doentio das bordas bordadas pela iniquidade e estigmatizadas com as cores da miséria, acentua-se a condição de desigualdade que traduz os desarranjos das cidades.
Dessa vez as ruas não comemoram gols ou jogadas de nossos craques fabricados pelo logos espetacular a insistir numa dissolução de verdades e realidades, para a fabricação de encantamento e fetiches a confundir cidadãos com consumidores, para os aplausos da sociedade civil que, até então, contentava-se com políticas de contenção.
Diante das atitudes discrepantes e terríveis de nossos representantes políticos, o logos não corresponde ao ergo, porém os mesmos recursos e dispositivos tecnológicos de comunicação e informação de fabricar verdades e realidades voltadas à manutenção de um modelo e uma dinâmica injusta permitem, com as mídias sociais / digitais, que a juventude possa mostrar sua indignação e convocar vontades de mudanças.
A princípio, esses jovens, utilizaram essas mídias para identificar semelhanças por  meio de coincidências de portabilidade cultural (marcas e logos nas roupas), estética corporal, vestimentas e oportunidade de mostrar ao mundo que a juventude está viva.
Esses meios, precisamente às mídias sociais, passaram a ser utilizados para reunir as pessoas e ocupar o espaço público, demonstrando o que sempre foi perceptível aos olhos de todos, e não se trata de repudiar um ou outro grupo que esteve ou está no poder, mas um recado que nasceu na emoção e na certeza de que o cenário político que ai está é o que não se quer.
Claro que aparecem, gurus, especialistas em ativismo, net - ativismos, intelectuais da educação, gente de toda ordem conceitual para explicar, prever e analisar.  Desde as ciências sociais passando pela comunicação, arte, fica somente uma certeza de que tudo está em tudo, e até mesmo aquele chato que encontrei num debate a dizer que os jovens se alienavam com o facebook, agora se curva a constatação de que a galera está e é viva, ativa.
Mas na verdade vai um recado na letra na letra dessa canção (anexo):

Fazer milagre e desfazer a dor de um povo sofredor,
sem medo caminhar, estamos secos de verdade, chove,
mas não molha de todo o corpo do meu povo
que anda sem medo de ser algo brasileiro, excluído e sofredor.

E saber que a felicidade é dessa brava gente brasileira,
que de toda maneira vai tomando rasteira,
olha o cipó de aroeira, meu irmão...    

Nem mesmo as alianças com o mal são eternas,
quero ver o doutor, coronel e de repente o intelectual
sair na rua com a bandeira e se juntar a esse povo
excluído do trato desse poder,
e se juntar a esse povo,

dividir o prato, é meu, para sobreviver.  

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