segunda-feira, 1 de julho de 2013
Comunidades Educadoras para educar na cidade
“Se alguma coisa nos
amina a educar é a possibilidade
de que esse ato de
educação, essa experiência em gestos,
nos permita liberar –
nos de certas verdades, de modo
a deixarmos de ser o
que somos, para ser outra coisa,
para além do que
vimos sendo”.
Jorge Larrosa e
Walter Koban
Precisamos reconhecer que o espaço urbano traz elementos e potencial que
propiciam uma ocupação educativa organizada, configurando uma espiral conectiva
a integrar forças simbólicas, equipamentos, instituições e pontos do espaço
público, sendo essencial trabalhar as oportunidades urbanísticas para o
desenvolvimento da educação e uma consequente gestão territorial
das forças educativas e culturais.
Em meio ao movimento daqueles que diariamente movem seus corpos e ativam
suas mentes nesse espaço urbano para se relacionarem com crianças e
adolescentes da cidade, dentro de um emaranhado metodológico e de organizações
curriculares construídas a partir de concepções, na maioria das vezes distantes
da percepção das singularidades de cada ponto, localidade, dessa urbe
convulsionada pelo desequilíbrio social, a educação percebe, enquanto “não –
humana personagem”, a necessidade de demonstrar sua potência de
germinação participativa, além dos índices qualitativos advindos de arranjos
para atender os rankings com seus prêmios ao desempenho de gestões e de ensino
– aprendizagem.
Ocupar a cidade com comunidades educadoras demanda pensar numa nova
configuração educacional, algo que nasce com potencial de superar os obstáculos
materiais e imateriais. Aprender e ensinar nos espaços da cidade, além da
sala de aula, é ter a certeza de que “as crianças ao cantar livres no presente,
conectam e expressam desejos de viver num mundo em que as crianças são somente
crianças com o direito de serem crianças”. É também projetar uma visão -
aspiração que tem em relação à aprendizagem dos coletivos, com o consequente
impacto na comunidade e na relação com o território. Assim, criamos
uma espiral conectiva de valores dentro do território e passamos a
garantir a participação sistêmica dos múltiplos atores
Precisamos garantir a gestão participativa e de envolvimento da
comunidade nos processos de aprender, ensinar, pensar, propor, decidir e
aplicar, considerar a necessidade de uma radiografia da comunidade no
levantamento histórico detalhado sobre as condições sócio - econômica e
cultural das famílias, também apropriar - nos e usar os indicadores de
aprendizagem formal, não – formal e informal expressos nessa comunidade, num
processo de construções singularizadas de complexos ecucativos, porém não
particularizados, ou seja, é de um lugar, mas também é da cidade e que
concomitantemente efetiva a contribuição na Rede de Proteção Social do
território – cidade como definidor da identidade urbana.
Claro que quando pensamos em lugar nos referimos, como afirma Milton
Santos, ao espaço que faz sentido, mesmo quando esse espaço não tenha nem um
sentido de não – sentido, como por exemplo, viver dentro de rios e córregos
poluídos, em lugares sem a mínima condição de habitabilidade, realidade desse
centro tropical, não só no caso dos humanos. Ou então não ter mais frutos nas
árvores e muitas vezes nem árvores, para que os pássaros possam sobreviver,
além da necessidade das árvores de existirem pássaros... Enfim, diante desse
cenário urge o estabelecimento de uma educação que produza conhecimento, a
partir de uma inteligência ecossistêmica para a renovação do pensamento
social.
Esses e outros aspectos da vida dos que convivem com a escassez, agora
frisando a condição humana, leva - nos obrigatoriamente a pensar e repensar
nossas ações políticas, que perpassam analisar e reavaliar as propostas
constantes, as formas, maneiras, estratégias e métodos de educar, muitos deles
inócuos, a maioria concebida em compartimentos conceituais sem reconhecer o “ergo”
de quem vive a educação.
Mas estamos próximos de iniciar uma nova configuração de educação que
permite a descoberta de possibilidades de construir uma cidade educadora,
vivendo a cidade como forma sensível de civilização, numa evolução criadora
como nos provoca Henri Bergson: “quando recolocamos o nosso ser no
nosso querer, e este no impulso que ele prolonga, compreendemos que a realidade
é um perpétuo crescer, uma criação que continua sem fim. A nossa vontade já fez
um milagre”.
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