sexta-feira, 28 de março de 2014

(foto: Ivina Nery)

A educação e o poder de poder sonhar.
Proteger no mínimo os sonhos.


Nas bordas existem sonhos para transformar esse mundão.
Mesmo que não se realizem o fato de ultrapassarem
oniricamente as trancas e os batentes da desigualdade
tem potencial para produzir afetos e atitudes,
para um bem viver, só nos resta ter olhos
para esse princípio de transformação
que é no mínimo poder sonhar.
Texto, desejo e sonho co –autoral

Nas cores de um outono que traz umidade e frescor para essa cidade, a qual como tantas outras desse mundo, joga quem foi expropriado de seus meios de vida dos lugares e cantos, convívio e culturalidade na convivência com outros expropriadores, acomodando pessoas em espaços, lugares sem condições dignas de  vida, revelando na composição do meio ambiente urbano uma dinâmica cruel de retroalimentação da violência e desigualdade, reforça-se a necessidade de criar condições, por exemplo, para a realização do direito à educação ao longo da vida, assim como o direito à vida ao longo da educação, numa espiral conectiva que vença os muros da setorialidade e das políticas existentes que mais se revelam como políticas de contenção do que, no mínimo de proteção, distantes da necessária transformação. 
Diante do quadro, por exemplo, de aumento da desigualdade social, que pode ser constatada também pelo processo de favelização na cidade, que só na década de 1990 cresceu num ritmo explosivo de 16,4%, considerando que o desenvolvimento da produção capitalista sustenta o processo de separação e hegemonia das cidades em relação ao campo, o que traz consequências dentro da divisão social do trabalho, a provocar desagregação e violência urbana, devemos nos engajar num processo de criação de práticas e dinâmicas voltadas a uma busca constante de ações comunitárias de cidadãos para que possamos descobrir a cidade para a consequente produção de direitos e repensar nas condições, relações e conexões que produzimos esses direitos. 
Ora, a produção e consequente garantia de direitos tem que ser co - protagonizadas numa interação de Poder Público, Sociedade Civil e de quem convive com a escassez, desses, donos dos pés, como esse acima, sendo que esses últimos necessitam da escola, ou do que se vislumbra como uma nova educação - escola, seja integral, integrada, com uma nova função social necessária para essa complexa contemporaneidade. Talvez denominaríamos como uma “mais educação”, uma educação gerada e dinamizada por uma mandala de pontos de proteção, em cada micro – território, com atores, interagindo num atitudinal coletivo para a redução das desigualdades, a considerar o território e a comunidade fontes do conhecimento que se produz nos espaços de aprender e ensinar, que não se encerra na escola, mas que precisa estar presente nesse movimento, nessa rede ecossistemicamente.
Para tanto, considerar no saber produzido nos espaços de aprender e ensinar, perspectivas políticas, estéticas, éticas e afetivas. Perceber também que o tratamento dos problemas do mundo transcende as políticas imediatas, ele, o tal tratamento, essa terapia holística - social, tem que ser humanista e  sobretudo intercultural.
Vemos crianças e os adolescentes a experimentar as tantas ofertas das bordas do mundo, irradiadas por aqueles que se consideram estar no centro de um mundo que não tem mais centro, sem que isso se torne experiência. Crianças e adolescentes, jovens, a viver e consentir com códigos e procedimentos construídos com o cimento da derivação de versões e inversões de uma moral absoluta, mais as tergiversações da necessidade de ser notado.         
Crianças e adolescentes no meio dos conflitos entre as forças de um controle social questionável e os empreendedores extremos da criminalidade, essas crianças e jovens transformam-se em alvo e atirador.
E, sendo o território sua única proteção, além de São Cosme e Damião, essas crianças, adolescentes e jovens perdem as referências e se embrutecem. Nós também nos embrutecemos no sentido de não abrir mão de nosso comportamento insustentável, desses nossos excessos, desperdícios e atitudes para ficarmos no mesmo degrau da pirâmide, custe o que custar, e assim não agir para o novo, o equânime, a justiça social, esta última somente bela, culta e forte em nosso discurso, porém anêmica em relação à nossa disposição de mudar esse cenário. Mudar esse fatídico show trágico da vida, com direito a reality. .  
E, em meio à inequidade e à desigualdade, viver próximo daqueles que convivem com a escassez, nesses tantos lugares, onde no mínimo, ainda  existem poucos, é verdade, sonhos para transformar esse mundão, com a possibilidade de que mesmo que não se realizem, só o fato de ultrapassarem oniricamente as trancas e os batentes da desigualdade, a chama está acesa. A chama do potencial para produzir afetos e atitudes, para um bem viver. Assim, só nos resta ter olhos para esse princípio de transformação que é no mínimo poder sonhar.
Para começar uma nova história, interessante que cada micro – território construa uma rede de proteção social, para a partir daí fractalizar e conectar  essas redes de redes de ações, atitudes e transformações voltadas, direcionadas à essa terra e a esses pés que estão na imagem no alto dessa mensagem eletrônica.



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