Meu nome é Antonio. Eu nasci em uma cidade com o nome Santa Mariana, cidade do Paraná. Depois de um ano e meio, meu pai mudou para outra cidade com o nome Jandaia do Sul. Lá foi onde eu me criei até quando vim para São Paulo.
Morava na lavoura, era agricultor, então até os oito anos de idade trabalhei na Roça com meu pai e estudei pouco. Lá não tinha escola perto, tinha que andar oito quilômetros para ir para a escola mais perto. Mas tinha uma escolinha que a gente estudava perto da roça.
Mas um dia resolvi mudar para a cidade, não gostava muito de trabalhar na roça. E na cidade consegui estudar fazer a 1ª série. Conclui os estudos e vim para São Paulo. Aqui eu não estudei, porque tinha que trabalhar, eu fui burro, né? Deveria ter estudado mais, mas então tinha que trabalhar o dia inteiro para sobreviver. Naquela época não era como agora que tinha fundamental, era só ate a 4ª serie.
Então eu fiz ate a 4ª série, que hoje aqui em São Paulo seria o ensino fundamental. Costumo dizer que a minha escola foi a escola do mundo. Aprendi muitas coisas, sei muitas coisas que tem gente que é formado não sabe. A experiência da vida é muito importante, a gente aprende muita coisa através da convivência. Trabalhei junto com advogados, tive muitos contatos com gente estudada, então aprendi muita coisa, mas deveria ter estudado mais, mais escola.
Eu me lembro de uma professora que chamava Elza, depois de outra que chamava Ana. Lembro dessas duas. Comecei a estudar com oito anos. As escolas mudaram muito. O meu tempo era o tempo da Palmatória ou caroço de tampa de garrafa. Se não respeitasse os professores ficava de castigo em cima da tampa de garrafa, não chegava a machucar muito, mas doía pra caramba, era dolorido. Ninguém queria ficar de castigo, então todo mundo tinha medo do professor.
Nós éramos em dez irmãos, seis mulheres e quatro homens. Eu era o pior de todos, não que eu era ruim. É que eu era muito palhaço, porque eu brincava demais, não deixava minhas irmãs quietas, estava sempre mexendo com uma e com outra, então minha mãe falava Antônio pára de mexer com as meninas Minha mãe pegava uma vara, uma planta que tinha marmelo e me batia.
Agora meu pai quando ele ia me pegar, corria pra caramba, dificilmente ele me pegava. Ele já era de idade e eu jovem, mas também quando conseguia me pegar, ai lembrava até do passado.
Para mim a escola não dá educação, a escola dá estudo, quem dá educação são os pais. Tem que conversar, não é espancando os filhos, não. Tenho três e todos me respeitam, não obrigo ninguém a me chamar de Senhor, só tem um o mais novo que me chama de senhor, mas é porque ele quer assim me chamar, nem minha neta me chama de senhor, o que eu exijo é respeito. Para mim o que educa é diálogo e respeito.
Antônio Lemo Brasileiro Morador do Jd. Lapenna
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