terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Universidade pública cresce entre as maiores

Das oito públicas presentes na lista das 20 com mais alunos do país, seis ganharam posições entre 2008 e 2009
Enquanto a rede particular perdeu mais de 40 mil matrículas em um ano, o sistema ganhou cerca de 78 mil


Fonte: Folha de São Paulo
FÁBIO TAKAHASHI


Em um cenário de estagnação, as universidades públicas conseguiram melhorar suas posições no ranking das 20 maiores escolas do país. Das oito presentes na lista, seis subiram de posição de um ano para o outro.
A constatação está presente no detalhamento por instituição do Censo da Educação Superior 2009, realizado pelo Ministério da Educação, a que a Folha teve acesso.
Em relação a 2008, cresceu também o número de universidades públicas entre as 20 maiores (de sete para oito).
A USP era a sexta escola com mais matrículas presenciais; subiu para o quarto lugar. A UFRJ (federal do Rio) pulou do 14º para o 9º. Quatro das seis públicas que melhoraram são federais.

DADOS GERAIS
O ganho de posições de universidades públicas reflete os dados gerais do sistema universitário brasileiro. Enquanto a rede privada perdeu pouco mais de 40 mil matrículas em um ano, o sistema oficial ganhou 78 mil.
Dos 5 milhões de matrículas presenciais no país, só 25% (o que corresponde a 1,25 milhão) estão no sistema público. Atualmente, menos de 15% dos jovens cursam o ensino superior. A meta do governo é chegar a 30%.
Como explicação para o movimento, analistas do setor apontam que a rede privada chegou perto da saturação de seu modelo atual, e a rede federal se beneficia do programa de expansão, iniciado em 2007.
Exemplos: as privadas Estácio de Sá e Uniban perderam, respectivamente, 7% e 11% de suas matrículas. Já as federais do Rio e de Pernambuco cresceram 19% e 10%.
"O crescimento das escolas públicas é positivo, mas insuficiente para atender à necessidade de mão de obra do país", afirmou o presidente da consultoria CM (especializada em gestão universitária), Carlos Monteiro.
Segundo Monteiro, a tendência é que a rede privada busque mecanismos para melhorar a qualidade de seus cursos, principalmente tentando atrair os melhores docentes, o que garantiria a permanência dos alunos.
Já Oscar Hipólito, ex-diretor do Instituto de Física da USP-São Carlos e pesquisador do Instituto Lobo, afirma que "sem melhorias no financiamento dos alunos, a rede privada não voltará a crescer". Ele também entende que apenas a rede pública não conseguirá manter a expansão necessária de matrículas no ensino superior.

QUALIDADE
Os dados detalhados do censo mostram que as 13 universidades reprovadas nas avaliações federais em 2008 perderam 13% das matrículas no ensino superior.
Já entre as oito tops, houve aumento de 19% na quantidade de estudantes.

Queda foi efeito da crise mundial, afirma sindicato das particulares

DE SÃO PAULO

A queda nas matrículas das universidades particulares foi pontual, em razão da crise econômica mundial que atingiu o Brasil no final de 2008, mas a tendência é que o setor volte a crescer.
Essa é a opinião de Rodrigo Capelato, diretor-executivo do Semesp (sindicato das universidades privadas de SP). Segundo ele, as universidades que mais sofreram foram as que disputam as classes C e D, as primeiras a cortar os gastos com ensino.
Para a Uniban, o "problema é o modelo de economia primária vigente, que exige pouca mão de obra qualificada". Diz, ainda, que sua evasão é inferior à média de SP.
A Estácio de Sá diz que houve em 2009 uma saída de inadimplentes, após maior rigor com as mensalidades atrasadas, e que também ocorreu uma migração para a modalidade a distância.
A Unipac afirma que antes de 2009 houve aumento de estudantes do curso normal superior -para professores que já davam aula, mas não tinham formação-, porém, essa demanda esgotou-se.
A Universidade Luterana do Brasil diz que a queda foi de 16% -e não de 27%- e que isso foi fruto de uma crise institucional e financeira no período, que já foi superada.


ANÁLISE

Grandes escolas com notas baixas perderam matrículas

HÉLIO SCHWARTSMAN
ARTICULISTA DA FOLHA

Há ao menos duas formas de ler a queda nas matrículas em universidades privadas.
Na versão mais otimista, os alunos estão procurando qualidade -o que é bom.
Na levemente pessimista, os anos dourados da expansão universitária ficaram para trás e, agora, crescer vai depender de melhorias qualitativas no ciclo básico.
As duas visões não são excludentes. O que os dados sugerem é que grandes escolas com notas baixas perderam matrículas, enquanto aquelas com bons conceitos tiveram maior procura.
Se essa for a tendência, então a regra de mercado segundo a qual as pessoas buscam o ponto ótimo entre qualidade e preço está operando.
Como educação não é uma mercadoria qualquer, alguns especialistas receavam que a concorrência não funcionaria muito bem no setor.
Evidentemente, é preferível ter um sistema que busca aprimorar-se pelo mercado a um que dependa só de intervenções do poder público.
Para o futuro, os desafios são muitos. O total de matrículas no ensino superior parece estar se estabilizando. E o Brasil precisa melhorar.
Nossa taxa de escolarização líquida no 3º grau é de 15%. A Bolívia tem 36%, a Argentina, 48%, e os EUA, 73%.
Para atingir níveis melhores, é preciso uma massa razoável de alunos com formação suficiente para prosseguir com os estudos. De cada 100 que entram no 1º ano do fundamental, apenas 36 concluem o 3º ano médio (dados de 2005). Parte deles ainda tem formação precária.

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