sábado, 3 de março de 2012


E os jovens diante do
empreendedorismo que desejamos?

João Lino de Freitas Marques - Maranhão - BR


O processo emancipatório o qual pleiteamos para os jovens, sobretudo a juventude urbana, está muito mais fundamentado na ação de empreender negócios numa lógica defasada da economia de mercado, um modelo que influenciou o poder público nas suas políticas voltadas à educação para o mundo do trabalho, desconsiderando toda a intersubjetividade de nossa juventude, nesses tempos em que o advento das redes digitais provoca a crise do projeto e da ação política e determina uma outra forma de relação com o espaço, no qual sujeito e paisagem passam a se comunicar e interagir por meio da mediação digital, sendo que, os jovens, em situação de média e alta vulnerabilidade social, desconhecem o enredo que desejamos para eles.


Os incentivos, formação e recursos financeiros, advindos das áreas de responsabilidade social das empresas voltados ao empreendedorismo juvenil determinam o estabelecimento de respostas imediatas. São transferidos no período de um a dois anos, exigindo dos coletivos juvenis o atingimento de metas, alinhadas a indicadores pré – existentes, colocando o jovem numa situação de ator que mal teve tempo para construir sua personagem nessa história. Pois empreender, exige incubar algo, implica em descobrir algo, ter uma relação afetiva com isso, não simplesmente representar, dentro do que julgamos ser o melhor para nossa juventude.


Nesses tempos em que a economia do imaterial ganha relevância para a construção de uma sociedade sustentável, é necessário repensar tanto as políticas públicas de capacitação de jovens, quanto os modelos de apoio empresarial ao empreendedorismo juvenil, e antes de tudo, que tipo de empreendedorismo estamos falando, ou melhor, desejamos, assim é fundamental ouvir mais os jovens, suas aspirações e dificuldades. Há a necessidade de dialogar com essa juventude, aproximar-se, para que eles possam realmente ter voz nessa história, afinal se eles estão mais silenciosos e inibidos presencialmente, sempre se soltam quando o diálogo é por meio das mídias sociais, quem sabe ai está a teleologia que buscamos.


Atenção, educadores e demais atores dessa lida de construir uma sociedade sustentável, precisamos arregaçar as mangas, não parar de estudar, para poder superar os obstáculos que dificultam o diálogo com a juventude.


Chegou a hora de fazermos a mediação tecnológica e, para tanto precisamos aprender com os jovens dessa contemporaneidade o que seus sentidos absorvem nesses tempos de reprodução virtual dos ambientes e objetos.


Nas esquinas e nos becos do mundo, nas lan houses e nas escolas, dentro e fora destas últimas, um movimento labiríntico se estabelece, e nele pode se verificar os fetiches e desejos dessa contemporaneidade no comportamento desses jovens urbanos, esses seres humanos que precisam ser avisados, no mínimo, sobre o que pretendemos, aliás, eles se distanciaram das decisões, talvez não acreditem em nossos enredos e, tudo indica que nossas receitas, sobretudo aquelas relacionadas ao mundo do trabalho, preparação e inserção, como também formas de apoio ao empreendedorismo juvenil precisam ser repensadas junto com eles e substancializada em expressões de um saber e de um tipo de conhecimento em rede, tecno – humano.

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