sábado, 18 de janeiro de 2014
Sopro e brevidade da
vida poética
Flor do campo alaranjada
avistei foi da janela,
lá do quarto da consciência
onde arrumo minhas tranqueiras.
São tranqueiras e traquinagens,
bagunças e molecagens,
peraltices e teimosias,
covardias e coragens.
Mas não é que desde cedo,
na manhã de espantar insetos
fui me ver e ter sem medo
com as palavras a subir pelos tetos.
Elas, palavras, enredavam-me numa teia,
então, adolescente, resolvi ser
quebra cabeçólogo de palavras,
a catar, juntar e “diz juntar”
o tido e o havido.
Mas hei que o “havido”
despertou o que é que havia,
o que estava dentro de mim,
menino.
Percebi então que o “tido”
me fora emprestado,
por obra transgressora do destino,
pelo próprio destino.
Daí me pus a aumentar os empréstimos,
e, na conta da poesia, apesar de meus poucos
lítero – préstimos, consegui quase que um eterno crédito.
Hoje monto e remonto palavrices, palavras em frases,
e de quebra – cabeçólogo titulei – me, de frase em frase,
pedreiro de casas – coisas – palavras
com quartos bagunçados,
molecadiados,
peraltizados,
teimosiados,
e poetizados...
E para dar conta da anarquia
desses loucos particípios,
consegui uma franquia
com uma linda borboleta,
que aponta sempre
quando amanhece,
para onde está o que a ser escrito
e sentido, por exemplo:
essa flor alaranjada
que avistei inda agora
da janela.
Vai ver que a,linda borboleta
é o que o filósofo Girogio Agamben
disse em seu livro, “ideia da Prosa”, ser musa,
e sua efemeridade traduz o sopro
e a brevidade da vida, por isso é bela.
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