domingo, 11 de maio de 2014
Somos constituídos pelo território
Na praça em meio às flores folheadas
pelo outono que caem do hibisco, na projeção da sombra do encontro do tempo
histórico com o tempo social, em busca dos elementos do tempo narrativo,
animicamentes refletidas as presenças de Guainases, Boturussus, mais as cruzes
trazidas por Anchieta, e tantos personagens de tempo presente, cada qual num
banco de praça nessa remota Aldeia de Ururaí a abrigar e desabrigar milhares de
vidas e de sonhos.
Oh história sinuosa, circunvalados leitos
do Itaqueruna e Jacuí a inundar os destinos da presença humana advinda da
gertrificação e de uma continuidade desastrosa de viver na cidade, nas beiras
em eiras, com ribeiras tomadas por barracos e casas a ferir a terra.
Tietê, Tietê, que de Salesópolis,
Mogi, Itaquá, Poá, Aracaré sofre, assim como sofrem crianças, sofrem também
adultos, educadores, comunidades, pássaros, árvores, desses e de outros lugares,
seres vivos, similar ao rio, tiveram seus cursos e caminhos alterados, sem garantia de direitos, nem de
rio, tão pouco humano e, hoje fadados à inconsciência e à desagregação,
crianças tornam-se um pouco anfíbios a habitar sobre ou dentro das águas
lágrimas degradadas de um rio.
Pantanais semi – artificiais,
hereges, miseráveis a explorar miseráveis, somado as inócuas ações da sociedade
civil e do poder público, a não dar conta de tantos desatinos, ausência de
princípios de coletividade e de investimentos na necessária mudança
comportamental de viver junto, por receio de que mudar afeta o consumo, provoca
a pretendida e necessária descontinuidade de um modelo e de culturas política e
de desenvolvimento e, o preço pela acomodação e preservação disso tudo que está
ai é o descontrole social.
Diante disso, nós educadores, temos
dificuldade em lidar com os desafios dessa cidade tão desigual com suas labirínticas
configurações, nesses territórios os quais navegamos com crianças e
adolescentes e não medimos esforços, sempre nos dedicamos e, de certa forma,
nossas ações se configuram em processos de intervenção social.
Assim o outono envia um recado; é
para afinar ainda mais a nossa ausculta. Ouvir, sentir e considerar a potência
desses seres que vivem e convivem com a escassez, sob a insensatez dessa
metrópole em que aviam-se receitas para transcender as políticas do
imediatismo.
Humanizado momento esse agora, em
que nos encontramos nesse espaço, para espantar o desânimo, para estudarmos
juntos formas de colaborar com a gente e com essas crianças e adolescentes
desses cantos e quebradas de um mundo tão desigual.
Sejamos então agentes integradores das iniciativas voltadas
a pensar a vida nas localidades em que atuamos como professores e contribuir
para que a escola ressignifique a localidade e a localidade ressignifique a
escola na conexão com a cidade.
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